
Qual impressão você traz desse encontro?
«A primeira é de ter estado em um oásis de paz. Conheço bem os contrastes que a impedem, e mesmo assim, naquelas duas horas passadas juntos, rezando, parecia-me que enquanto invocava-se de Deus o dom da paz, de certo modo permitia-se que Ele, do alto, visse o resultado dos esforços humanos. É claro, o desígnio ainda não se cumpriu, mas parecia o bordado de um tapete: no avesso os nós que devemos desatar, mas quem olhava o bordado era Deus, e ele via o desígnio. Enquanto seguiam-se as orações em hebraico e árabe, eu pensava: Deus as conhece e as compreende. Ele sabe agir na história. Percebi a potência da oração e entendi que somente Deus pode mudar os corações dos homens, Cabe a nós a paciência do artesão».
A sua história é uma espécie de passaporte, que a habilitava para participar desse encontro
«Desde menina vivi sonhando com a paz. Ainda crianças nós nos perguntávamos: Qual é a minha pátria, qual é o meu lugar, quem eu sou?. Agora, com 50 anos, não vejo ainda próximo o sonho daquela pátria, mas nós semeamos, e muito. Devemos continuar a fazê-lo. É um dever diante das novas gerações. Devemos transmitir a eles a certeza que é um futuro possível, sem perder a esperança nem deixar-nos abater pelo cansaço. Ontem era a festa de Pentecostes e a ação do Espírito Santo lava o que é árido, sana o que é ferido, dobra o que é rígido ».
Você estava representando o Movimento dos Focolares, convidada pessoalmente pelo Papa Francisco

Muitas pessoas, da presidente, Maria Voce, aos amigos de Belém e Jerusalém, haviam assegurado que estavam comigo. Escutei palavras de alegria também de várias personalidades cristãs, judias ou muçulmanas que estavam nos Jardins. Pareceu-me que do discurso do Papa emergia um novo impulso a comprometer-nos pela paz com mais coragem. Senti que era dirigido também a nós, que pertencemos aos Focolares: estar mais presentes, mais ativos, ser artífices mais corajosos para desatar os nós que encontramos em toda parte. A saudação pessoal do Papa confirmou isso para mim, assim como a resposta de outras autoridades.
Você foi a única mulher a recitar uma oração. Como se sentiu?
Procurei ler aquela oração fazendo-me intérprete da humanidade que crê, sofre e espera. Nós mulheres temos uma missão a desenvolver pela paz. Um dos participantes disse-me: É importante que a senhora esteja aqui. Sei o que significa a riqueza de uma mulher!. Enquanto escutávamos aquelas lindas orações e as músicas, recordei as palavras do Papa no Angelus, poucas horas antes: a Mãe Igreja e a Mãe Maria são todas duas mães, todas duas mulheres. E nos sentimentos, certamente não homogêneos, que vibravam nos presentes, sentia-se a necessidade de uma mãe ».
Que anseios você percebeu naquelas pessoas da Terra Santa que lhe manifestaram a sua proximidade?
«Havia uma grande expectativa e agora existe muita esperança. Obviamente não faltam os céticos. Palestinos e israelitas consideram que esse encontro marcou uma etapa a partir da qual deve-se olhar, a partir de hoje, e continuar a fazê-lo no futuro. Além disso, significou um sinal forte para a Igreja, que assume os sofrimentos e ânsias dos povos. E foi uma demonstração que a Terra Santa não está esquecida, que o Papa não deixa sozinhos estes dois povos e caminhará ao lado deles. O evento deve ser compreendido a longo prazo. É preciso continuar a tecer, desatando os nós e comprometendo-se em todos os níveis possíveis, com coragem e delicadeza. Muitos pensam num longo caminho, mas nós não conhecemos a ação de Deus na história. Podemos sempre esperar».
Fonte: Città Nuova online