O Congresso dos adolescentes do Movimento “Gen 3” (terceira “Geração Nova” renovada pelo Evangelho) girou em torno da pergunta: “Onde está o teu irmão?” e atraiu garotos de sete estados nordestinos. Durante quatro dias, eles trocaram ideias e experiências sobre o amor ao irmão, que também é o tema do ano para todo o Movimento dos Focolares. Com os adolescentes, o tema foi desenvolvido a partir de quatro ambientes onde se encontra o irmão: na Família, na Escola, na Cidade e, por fim, ao nosso lado.
“O congresso deste ano foi muito intenso, posso dizer que foi um dos melhores. Ter participado foi uma experiência muito profunda para mim”, disse Israel, sergipano de 17 anos. Tanto para ele quanto para os demais 173 adolescentes, o congresso foi realmente especial: a cada dia, uma nova resposta a pergunta-tema (Onde está o teu irmão?), ao passo que os palestrantes e convidados aprofundavam as reflexões.
Respostas cruciais
No primeiro dia, os adolescentes procuraram responder a pergunta-tema a partir do ambiente familiar. O auditório se transformou em uma grande casa, onde os gen3 puderam dialogar com um casal, representante do Movimento Famílias Novas e responsável pelo Movimento Juvenil pela Unidade no Nordeste, Mário e Goretti, com seus três filhos. Com vídeos, músicas e depoimentos, eles concentraram suas intervenções em torno da vivência do amor quando Deus está no centro da família e deixaram uma indicação importante: “O amor é a base para superar as dificuldades”. João Vitor, de Arapiraca (AL), destacou que “as experiências contadas pela família me ajudarão bastante no meu modo de me comportar em casa; vou procurar amar de modo concreto os meus familiares”.
A experiência de Gabriel, Gen3 de Maceió, também deu o tom do primeiro dia de Congresso Gen3: “Um dia pensei: quero viver o amor de forma radical, não posso ter uma vida cômoda! Vou me desapegar de tudo nesta semana, do computador, TV, celular, música, games, bate-papos, tudo aquilo que possa atrapalhar o meu amor pelo irmão. Então, comecei. Cada vez que via uma louça suja na pia, ia lavar; meu irmão menor queria brincar, lá ia eu brincar com ele; não saía do quarto sem que deixasse arrumado; ajudei em várias tarefas da casa… enfim, esqueci-me de mim e procurei somente amar em cada momento. Em casa, todos se admiravam e, de algum modo, se colocavam também à disposição. O amor contagia! Confesso que foi a semana mais feliz da minha vida e não quero mais parar!”.
O dia se concluiu com uma “Adoração à Eucaristia”, na sala, transformada em capela: um momento de profunda reflexão e profundidade no relacionamento com Jesus. Intercalaram-se instantes de música, silêncio, meditação, reforçando a ideia de que não se pode construir um mundo unido sem uma escolha radical de Deus. A respeito da “Adoração”, escreveu Gabriel, de Mossoró (RN): “Por causa deste momento, a vontade de amar cresceu em mim; senti que a chama do ideal se reascendeu”. A oração também se transformou em ação e comprovação de que o projeto de um Mundo Unido, compartilhado pelos Gen 3, começa a partir dos pequenos gestos. Rodrigo, de Craibas (AL), contou: “A escala para lavar pratos no encontro era de outro grupo; quando fui à cozinha, vi um amigo sozinho limpando. Não pensei duas vezes: deixei minha bandeja e comecei a lavar os pratos junto com ele!”.
No ambiente escolar
No segundo dia do Congresso dos Gen 3, o auditório foi transformado em uma grande sala de aula. O psicólogo e educador Luiz Carlos Ventura dialogou com os adolescentes sobre como ser agente transformador na escola. Armas a serem usadas: o Amor que nos leva a combater, em primeiro lugar, o nosso egoísmo e nos leva a olhar ao redor para transformar o ambiente. Segundo os adolescentes, a escola apresenta grandes desafios, com a integração das novas tecnologias e o individualismo que impõem dificuldades para se “viver pelo outro” e “tomar a iniciativa de amar”. “Não pode existir um Gen3 que não seja capaz de amar”: foi o maior incentivo deixado por Luís Carlos com suas palavras.
Como fruto desse diálogo e do Congresso 2013 como um todo, Aldo Perroni, de Salvador (BA), afirmou: “Este foi um dos momentos mais importantes da minha caminhada cristã, pois cheguei aqui um pouco descrente e senti que necessitava de um novo chamado, uma renovação da minha fé; Luiz Carlos, com a sua palestra me fez ‘acordar’ novamente para o ideal que sempre existiu dentro de mim”.
Rafael, de Maceió (AL), escreveu: “Foi como despertar de um sono… reascendeu a minha fé que, ultimamente, estava enfraquecendo. O desejo de amar e me doar a Deus voltaram com força!”. Lucas, de Arapiraca (AL), assim se expressou: “Este congresso não foi o meu primeiro, mas foi o ‘único’ e ficará marcado para toda a minha vida. O que aprendi aqui quero levar aos meus amigos na escola, a todos que passarem ao meu redor, quero irradiar todo esse amor e essa fraternidade que vivi aqui”.
Outro marco do segundo dia foi a celebração da Paixão e Morte de Jesus. Num clima solene, os adolescentes meditaram sobre textos de Chiara Lubich e cantaram músicas preparadas para a ocasião; em seguida, dirigiram-se à Igreja dedicada a Maria, Mãe da Unidade, onde todos selaram o compromisso com Jesus Abandonado, modelo máximo de Amor.
O dia se concluiu com um “bate-papo”, moderado pelo focolarino Cloves Alexandre, que tratou de assuntos referentes à adolescência: a idade das escolhas.
Rafael, de Natal (RN), contou uma experiência de sua ação “contra a corrente dos relacionamentos superficiais”: “Procuro amar desinteressadamente cada irmão que passa ao meu lado; pelo Facebook, outro dia, dei força a um amigo para que ele fizesse uma boa prova; no dia da prova, fiz questão de me aproximar dele, apertar a sua mão e lhe desejar boa sorte. Depois desse dia, nos aproximamos mais e passamos a compartilhar o esforço de amar a todos e ter comportamento mais coerente com o projeto de Mundo Unido, na escola. Tornamo-nos multiplicadores do bem”.
O Amor na cidade
A temática do terceiro dia de Congresso foi “O Amor ao Irmão no Ambiente da Cidade”. Os Gen 3 encenaram experiências e participaram de uma dinâmica na qual cada grupo produziu um desenho. O conjunto dos desenhos formou um grande painel ilustrativo para o debate sobre o amor que se expressa por meios das políticas públicas voltadas para a educação, os esportes e o lazer, o saneamento, a tecnologia e a informação, o transporte, entre outros serviços públicos.
A jornalista e escritora Jussara Khoury conduziu este fórum, uma ocasião de grande enriquecimento para os participantes que, sob a ótica do Amor ao Irmão, voltaram para suas cidades dispostos a identificar os irmãos a serem amados em cada ambiente e em todos os âmbitos da sociedade.
De partida
Ao término do Congresso, todos os participantes pareciam motivados e felizes. Alguns sequer queriam fazer as malas: estavam contagiados pela atmosfera de unidade experimentada ali. No último momento de diálogo, os responsáveis pelo Movimento dos Focolares no Nordeste, Ana Lúcia Bandeira e Ivanaldo Araújo levaram os Gen 3 a “entrar no coração do Carisma”. Refletiram com eles sobre o amor a cada irmão que passa ao nosso lado. Estimularam cada um a retomar a caminhada rumo à santidade, meta de todo Gen3, “filho de Chiara”, como confirmou Afonso, de Iguatu (CE): “Nestes dias, pude renovar o meu ‘Sim a Deus’ e percebi a Sua presença em cada um aqui presente e também no nosso meio; espero, daqui pra frente, seguir na unidade com todos”.
De uma forma geral, os organizadores avaliam que foram atingidos os objetivos do Congresso dos Gen 3, uma vez que se podia observar estampado nos rostos de cada adolescente “um sorriso inconfundível, que só se percebe naqueles que experimentam o verdadeiro amor, aquele amor que vem de Deus e está presente em cada irmão, mesmo se nem sempre acreditam n’Ele”. “Mas os gen3 acreditam e fazem dele o ideal de suas vidas”, afirmou Rubens Perfeito, um dos organizadores do congresso.
De partida, os Gen 3 deixaram impressões que comprovam essa fé e esse engajamento:
“Revi meus conceitos e renovei meus valores, morais e pessoais. Neste congresso, tive a chance de viver pelo irmão e isso me deu uma alegria plena” – Eduardo, de Tobias Barreto (SE).
“Muitas vezes ouvi a frase ‘Deus é Amor’, mas agora eu realmente a entendo; aqui, eu senti os efeitos desse amor”. – Robson, de Tobias Barreto (SE).
“Este congresso foi importante para mim porque eu sempre tive vergonha de falar do Ideal para os meus colegas na escola, mas, quando compreendi o significado do nosso ‘apostolado’, senti um sinal de Deus dizendo que é isso que devo fazer: levar o ideal aos meus amigos, sem medo do que eles possam dizer e pensar”. – Henrique Moreira, de João Pessoa (PB).
“Ao voltar para a minha cidade, não vou procurar me fazer ‘mais um’ e sim a me ‘fazer um’ com todos aqueles que estão ao meu lado, amando-os, sem hipocrisia…”- Tainã Santana, de Natal (RN).
“Gostei muito; já estou ansioso esperando o encontro do ano que vem”, comentou um gen3 de Arapiraca (AL), que foi pela primeira vez a um congresso, e espera poder participar também do Fórum MJPU, evento anual organizado pelo Movimento Juvenil do Nordeste, em julho.
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As Gen 3
O congresso regional para as adolescentes “Gen 3” (de 13 a17 anos) realizou-se nos dias 1 a 3 de março, com a participação de 115 Gen 3, provenientes de 26 cidades do Nordeste. Para algumas, este foi o primeiro congresso como Gen 3 maiores; para outras, uma continuidade na formação que se desenvolve nos grupos de meninas que, tendo conhecido a espiritualidade da unidade por meio do Movimento Juvenil pela Unidade, expressaram o desejo de serem Gen 3.
No período da preparação, as adolescentes postaram várias mensagens nas redes sociais comunicando suas expectativas. A fim de responder sempre mais às suas exigências, as organizadoras se comunicaram frequentemente com elas também por conferência via Skype, não só para recolher as sugestões, como também para envolvê-las na construção do programa.
Pontos para aprofundamento
O Amor ao Irmão e a Jesus Abandonado, perceptíveis nas várias experiências, foram os pontos aprofundados para atingir a luz do Carisma da Unidade, capaz de iluminar as almas e o mundo. Desde o primeiro momento, houve uma grande escuta e comunhão na sala. “Ouvir Chiara foi o mais importante: todas nós sabemos que agora ela está no Paraíso, mas, ao mesmo tempo, a sentimos entre nós; isto é maravilhoso”, afirmou Mylena, de Craíbas (AL). “Em todos os momentos, senti uma presença de Deus muito forte”, completou Rayssa, de Arapiraca (AL).
“Escutando Chiara falar sobre Jesus Abandonado aumentou ainda mais em mim o desejo de abraçá-Lo, especialmente depois de ter dado o meu ‘sim’ definitivo a Ele, com as outras Gen 3 da minha cidade…Experimentei a profundidade do amor”, disse Larissa, de Aracaju (SE). “Aprendi que não posso deixar passar nem o dia nem a hora para amar, pois devemos amar o irmão em qualquer situação”, concluiu Ana Heloísa, de Itambé (PB). “Senti-me mais próxima a Deus, mais forte para levar o Ideal no mundo”, assegurou Beatriz, de Caruaru (PE).

Cultura do Doar

Com este desejo, as Gen 3 tiveram a oportunidade de aprofundar também o aspecto da comunhão de bens na liberdade, a cultura do doar. Algumas sentiram o desejo de concretizar essa doação, colocando em comum tanto os bens materiais como as alegrias e as dores e dificuldades pessoais. Os objetos doados foram destinados ao “Clube do Doar”, uma iniciativa que envolve também os alunos da Escola Santa Maria, que fica na Mariápolis. E elas planejam continuar essa atividade nas respectivas cidades.
“O aspecto da comunhão me impressionou muito, levou-me a refletir sobre os meus atos, no que posso melhorar…”, avaliou Marina, de Fortaleza (CE). Para Emily, de Jaboatão dos Guararapes (PE), a comunhão foi um ato “de desapego não só material, mas, sobretudo espiritual; senti a presença de Jesus em meio a nós”. “Colocamos em comum os nossos objetos materiais e isto nos impulsionou a colocar em comum também os nossos sofrimentos pessoais e, assim, a dor de uma se tornou de todas; foi um momento emocionante!”, ressaltou Diandra, do Recife (PE).
Diálogo luminoso
O diálogo com a responsável regional pelo Movimento dos Focolares, Ana Lúcia Bandeira, levou as adolescentes a refletirem sobre a radicalidade, a autenticidade da vocação Gen 3. Para as participantes, foi também uma ocasião de intercambiar experiências e esclarecer dúvidas. Elas exprimiram a exigência de falar com clareza e sinceridade sobre as escolhas que uma Gen 3 é chamada a fazer hoje.
“Para mim cada congresso é único e este foi o primeiro como Gen 3 mais velha…realmente, foi especial! Sinto que amadureci… e cresci na Obra. Ana Lúcia nos fez refletir sobre os vários aspectos da nossa vida, sobre a necessidade de realizar a  comunhão com todas, de aprender  a amar o irmão… Fez-me sentir realmente em casa”, contou Laila, de Salvador (BA). Para a adolescente, o congresso ofereceu “uma resposta a todas as dúvidas que eu tinha dentro; fez-me ter certeza de dar o primeiro passo e dizer o meu sim”.
Afetividade, moda e sacramentos
Para tratar de algumas questões pontuais, as Gen 3 foram divididas em dois grandes grupos: um com as de 13 e 14 anos, com as quais estabeleceu-se um diálogo sobre a afetividade e a sexualidade e outro, com as de 15 anos em diante, com as quais abordou-se a influência da moda no estilo de vida e no comportamento da juventude. A intenção era pensar juntas também como combater o consumismo e o relativismo ético, impostos aos jovens e adolescentes.
Outro ponto importante foi entender a importância dos sacramentos, especialmente a confissão e o matrimônio.  Para as organizadoras, foi muito oportuno abordar esses assuntos com as adolescentes que se deparam, no dia a dia, com as ideias e orientações confusas circulantes na sociedade.
Ano do perdão
Inspiradas pelo convite da Presidente Mundial do Movimento dos Focolares, Maria Voce (Emmaus) de fazer de 2013 um Ano Jubilar, as Gen 3 ainda refletiram sobre o perdão, durante a celebração eucarística, no início do Congresso. Em um segundo momento, de modo solene e artístico, leram alguns trechos sobre o mesmo tema, escritos por Chiara Lubich.
Depois, as Gen 3 receberam um pequeno cartão, em forma de coração, onde escreveram o que mais as fazia sofrer. Foram convidadas a livremente depositar os cartõezinhos num grande fogo aceso, fora da igreja, para cancelar simbolicamente os males causados ao coração de cada uma delas. Foi uma ocasião para perdoar e receber perdão, por meio de gestos concretos como telefonar para casa ou enviar um “torpedo” para alguém com quem precisavam reatar o relacionamento.
Muitas sentiram o desejo de se confessar para recomeçar e conquistar uma maior liberdade para amar. “O momento da reflexão, especialmente quando ‘queimamos’ o que tomava o lugar de Deus em nossos corações, ajudou-me a entender que devemos queimar tudo o que nos afasta de Deus, do caminho do bem”, afirmou Mariana, da Mariápolis Santa Maria, em Igarassu (PE). “A noite sobre o perdão significou muito para mim”, resumiu Mirely, também da Mariápolis. “Naquele momento eu pude colocar as minhas dores no coração de Jesus e apagá-las simbolicamente da minha vida”, acrescentou Maria Luiza, de Campina Grande (PB).
Comunhão, reciprocidade e luz
Na noite do último dia, as participantes do Congresso Gen 3 vivenciaram a “comunhão” com os habitantes da Mariápolis. Divididas em pequenos grupos, visitaram as várias casas existentes na pequena “Cidade de Maria”: os focolares, a casa dos sacerdotes, a casa das famílias, a casa das jovens (as Gen 2, segunda geração renovada pelo Evangelho). Para todas, foi um momento rico de conhecimento recíproco. No retorno desse “giro”, houve uma festa para as Gen 3 que passaram para Gen 2.
Ewelinny, do Recife (PE), escreveu: “Vir ao Congresso não foi uma decisão fácil, porque algo dentro de mim estava apagado, não enxergava mais a ‘revolução’, mas somente a teoria; via somente pessoas que fingiam querer-se bem… porém, no último dia, senti que Chiara falou como se estivesse só comigo, me fez ver a minha fragilidade, me olhou nos olhos e eu reconheci o meu Jesus Abandonado, aquele de quem não posso me divorciar, mas que devo abraçar como o mais belo presente que tenho. Agora, olho em torno a mim e vejo que a ‘revolução’ continua mais viva do que nunca e a luz, que tinha se apagado, reacendeu-se. Volto feliz, decidida a amar”.
“Deixei aqui todas as minhas dúvidas e angústias, reconhecendo e abraçando-as Jesus Abandonado. Hoje, posso dizer que esvaziei o meu coração e o preenchi novamente. Volto para a minha cidade com um propósito renovado,” escreveu Barbara, de Arapiraca (AL). Também de Arapiraca, Laryssa resumiu o sentimento que predominou entre as Gen 3 no fim daqueles dias: “ Este congresso foi a luz que Deus prometeu dar e deu”. Com muita alegria, as 115 adolescentes retornaram para suas cidades com o firme propósito de levar o Amor a todos os ambientes onde se encontram.
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