As Associações de Leigos, Serviços e Movimentos Eclesiais realizaram, nos dias 8 e 9 de março, sua 6ª Reunião Anual, na Mariápolis Ginetta, centro de formação dos Focolares, em Vargem Grande Paulista (SP). Foram 57 protagonistas oriundos de 24 expressões eclesiais de leigos, vindos de diferentes locais do Brasil.
Toda a temática girou em torno do “como trabalhar juntos” para avançar rumo à fraternidade humana. Foi feita uma exposição prévia e resumida da temática prioritária da próxima Assembleia Geral dos Bispos do Brasil, que sera em Aparecida (SP), em maio, com título ainda provisório: “Leigos cristãos na vida da Igreja, no Brasil”. O tema foi apresentado por dom Severino Clasen, Bispo de Caçador (PR) e Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para o Laicato (Setor Leigos da CNBB). A partir do tema realizou-se o Painel sobre a Organização do Lacaito no Brasil, com sua consequente dimensão histórica e teológica, baseada nos Documentos do Concílio Vaticano II. Esse momento foi apresentado pelo prof. Antonio Geraldo Aguiar (Assessor do Setor Leigos da CNBB), que narrou a história do Conselho Nacional do Laicato do Brasil (CNLB). A atual presidente do CNLB, Marilza José Lopes Schuina, apresentou a organização e os passos necessários para as associações de leigos aderirem ao Conselho. O Painel conclui-se com Maria Rosa Moralla que relatou a experiência de adesão e filiação de sua associação, a Instituição Teresiana (vertente leiga da obra de Santa Tereza d’Ávila) ao CNLB.
Na ocasião, os representantes dos movimentos, associações e serviços estabeleceram um diálogo sobre o processo histórico e atual da articulação do laicato nos diversos âmbitos e sobre as ações desenvolvidas pelas entidades presentes.
Na oração inicial do sábado, 8 de março, foi feita a reflexão a partir do Mandamento novo de Jesus, apresentada pela dirigente do Movimento dos Focolares, Gehilda Cavalcanti, e comentada, brevemente, mas plena de sabedoria, como uma “reação de comunhão” pelo bispo emérito de Catanduva (SP), dom Celso Queiroz, um assíduo incentivador e participante dessas Reuniões Anuais. Estamos progressivamente implantando na vida do mundo o circuito do amor, reflexo da vida de Deus, uno e trino, cujo amor foi derramado em nossos corações para que assim vivêssemos, comentou Dom Celso. Daí a experiência daqueles dois dias: viver juntos como irmãos.
Positivamente surpreendente foi constatar como os movimentos e associações realizam, ainda que timidamente, mas com generosidade, ações conjuntas entre duas ou mais, ou com pastorais e instituições, que vão do CNLB à ONGs e instituições públicas e privadas. São iniciativas de evangelização, serviço concreto, formação de jovens, crianças e casais, de líderes da sociedade nos setores que envolvem da catequese à política.
A alegria e serenidade experimentadas pelos presentes confirmam que os objetivos da partilha e da projeção de ações conjuntas e articuladas entre os movimentos foram alcançados. Constata-se isso pelo encaminhamento concreto para um agir em comunhão, chegando cada movimento ou associação, concretamente, a articular-se com a CNBB e outros organismos da sociedade civil.
Essa articulação dar-se-á em vista da Campanha da Fraternidade 2014, da Comemoração do Dia do Leigo, mas sobretudo pelo empenho na campanha por uma reforma política no Brasil, com a coleta de assinaturas, já em andamento, para atingir a marca de um milhão e meio de assinaturas. Elas serão encaminhadas à Câmara Federal com um projeto de lei de iniciativa popular para exigir e requerer uma atitude conforme a ética cidadã e cristã para os políticos, um modo coerente de como devem eles governar a nação como um serviço à comunidade, o que denominamos entre nós de “cultura da fraternidade”.
Outra importante decisão foi a retomada da publicação de um livro com uma síntese histórica e do processo de formação em cada uma dessas expressões eclesiais. Esta obra visa a comunhão entre os próprios atores dessas expresses sobre o modo como cada associação ou movimento capacita os seus membros segundo o seu carisma e o “algo” que temos em comum para ir às “periferias existenciais”, para anunciar como Jesus está vivo entre nós, como pede o Papa Francisco. O livro servirá ainda para manifestar ao mundo como se articula esse projeto de transformação da realidade contemporânea a partir da vida e dos modos de relacionar-se no mundo, propostos por Jesus, com as relações trinitárias.
Evidenciam-se agora, entre outros, dois compromissos imediatos: informar essa experiência de comunhão a todos os engajados nos respectivos movimentos e associações para reforçar a consciência de vivermos uns pelos outros, “todos por todos”; e a participação ao Sexto Encontro Nacional de leigos, promovido pelo CNLB, que será na Mariápolis Ginetta, durante o feriado de Corpus Christi de 2015. Para essa ocasião, são esperados aproximadamente 500 representantes dos leigos, inclusive dos movimentos e associações, já articulados, para crescermos na comunhão e na ação dos leigos católicos do Brasil.
Esta comunhão pode ser cada vez mais visível se nos dermos as mãos. Mãos dadas entre todos os cristãos em sua diversidade, como bem ilustrou simbolicamente a oração de agradecimento e de envio, ao final da Reunião. Mãos dadas para trabalhar por este desígnio de comunhão na família humana, conforme o sonho de Jesus, que é objetivo especíifico de uma dessas comunidades presentes e meta programática de toda a Igreja de Cristo: “que todos sejam um” (Jo 17,21).
Concluiu Dom Severiano: Merece destaque o novo vigor que surge, uma nova esperança, uma luz. Percebemos a grande unidade. Os presentes pareciam um só. Cada um no seu carisma, na sua identidade, mas falando de uma só igreja.
Por Euclides Lins