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Escola Civitas em Alexânia: um olhar sobre a cidade

Um olhar de amor sobre a cidade muda muita coisa. Essa é a experiência que a pequena equipe da Escola Civitas de Brasília tem feito “saindo” ( como pedem o Papa e Maria Voce, presidente dos Focolares) de seu “quadradinho” e indo às pequenas cidades de Goiás, num raio de cerca de 100 km, há alguns anos, levando o Curso de Formação Social e Política da Escola Civitas e acreditando que essas cidades menores, pelos relacionamentos mais próximos, têm um grande potencial de mudança baseada na Fraternidade, foco do curso.

O último curso, iniciado em julho de 2019, em Alexânia, Goiás, foi o primeiro dirigido também aos adultos. E essa foi uma bela experiência: promover o diálogo entre as gerações, aliando a curiosidade e criatividade dos jovens à experiência dos mais vividos.

As atividades foram conduzidas por facilitadores voluntários especializados em várias áreas do conhecimento: Sociologia, Direito, Administração Pública, Política, Políticas Públicas, Comunicação e ainda outros com mais prática na participação Social e Política. Todos se dispõem a sair de Brasília para encontrar esses cidadãos e construir com eles um relacionamento de reciprocidade, em que todos aprendem, porque doam e recebem com simplicidade.

A cada encontro o grupo demonstrava uma alegria e um entrosamento maior e todos foram se tornando uma família, mesmo se alguns não se conheciam antes.

 

Ao final de uma das primeiras aulas que tinha como tema  “Um olhar sobre a cidade”, os participantes formaram grupos por proximidade e saíram com “óculos de Fraternidade” olhando a sua cidade, de câmera em punho, como ainda não a tinham visto antes, e fotografando aqueles lugares “cinzas” que poderiam ser transformados pela Fraternidade.

As fotos foram apresentadas e comentadas no encontro seguinte e incorporadas pelo facilitador, no tema principal “A Fraternidade como categoria política”, que foi tão assimilado por todos ao ponto de se chamarem de “meu/s fraterno/s”, até hoje, 5 meses após o encerramento formal do curso.

Durante o curso, os participantes elaboraram um projeto de intervenção na cidade e a desenvolveram, com base na Fraternidade, ouvindo as necessidades do grupo populacional que escolheram para trabalhar – a fim de atender ao menos a uma dessas necessidades – para que o curso não ficasse só na teoria. O interessante foi que os três lugares fotografados no início (Depósito de Lixo Municipal, praça deserta e uma família unida) geraram três intervenções. Duas foram apresentadas pelos grupos, no encerramento do curso, em setembro, diante dos convidados, entre eles um Vereador e o Prefeito.

O grupo que fez a intervenção no Depósito de Lixo Municipal identificou com os recicladores 5 necessidades e atenderam juntos à mais viável, no curto espaço de tempo do curso: promover um relacionamento que gerou autoestima nos recicladores (foram olhados, escutados, comeram juntos um belo lanche oferecido pelos participantes do grupo de trabalho, arrumado da melhor maneira possível, ali mesmo entre fardos de recicláveis).

Outra necessidade, a mais prioritária, foi atendida já depois do curso, envolvendo poder público e comunidade: levaram um ponto de água para a higiene pessoal dos recicladores. Que alegria quando viram a água jorrando! A prioridade seguinte está em desenvolvimento, também com ajuda da comunidade: um pequeno barracão com pia e 2 banheiros, para descanso, abrigo do sol, alimentação, promoção de cursos, etc.

No dia 29 de fevereiro (2020) o grupo do curso promoveu um bazar na Associação de Moradores, para angariar recursos; além de já terem conseguido o pedreiro voluntário e outras doações.

No outro grupo, que viu a Fraternidade como família, os participantes moram numa pequena vila e foram visitar as famílias com pessoas doentes e solitárias.  Uma das necessidades relatadas foi atendida quando a colocaram em comum, na apresentação final do curso, quando um convidado colocou à disposição a cadeira que precisavam. Colocar as necessidades faz circular os bens.

As visitas continuam sendo feitas pelo estudante cujo trabalho é nessa área, embora aquele grupo de famílias não esteja na lista do seu trabalho.

Restaram as praças desertas e poeirentas!  Especialmente um participante, que é arquiteto, sonhava com um “Bosque Fraterno” no enorme espaço vazio em frente à Igrejinha do bairro. Passaram-se meses de idas e vindas em conversa com o pároco, a comunidade e o poder público e, finalmente, no último dia 17 de fevereiro as primeiras mudas foram plantadas.

As mudas vieram de uma cervejaria que tem fábrica ali perto, via Secretaria de Meio Ambiente. A Secretaria de Obras demarcou os pontos e fez as covas e, por fim, com a presença do padre, do prefeito, das famílias e dos amigos, as mudas foram plantadas.

Uma das estudantes, que tinha fotografado uma praça arborizada no centro da cidade, sonhando com um espaço de convivência e leitura entre as árvores, fez até um vídeo para homenagear a persistência do colega, no seu sonho que foi sonhado juntos.

Ela própria fez o sonho da leitura se transformar num Projeto: “Livros que viajam” e passando de mão em mão. No dia do lançamento um livro já viajou para outra cidade.

Tudo isso só está sendo possível porque o diálogo continua pós curso, com um grupo de Brasília voltando a Alexânia uma vez por mês, para construir juntos essa experiência. Os avanços e retrocessos vão sendo relatados e a esperança realimentada.

A cada encontro a alegria é maior. Ainda que surjam pontos de conflito, sempre se supera com o diálogo aberto e franco. São pessoas de várias convicções políticas, mas foram “picadas pela mosca azul” da Fraternidade, experimentaram  os frutos da Arte de Amar, um dos pilares do curso, e por isso sentem a presença d’Aquele que está “onde dois ou mais” estão reunidos em nome de Jesus, vivendo o amor.

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