Professor universitário muito estimado e grande especialista em análise matemática, Giovanni Torelli tinha uma característica: fazer tudo, cada coisa por Deus. Ele escreveu: “Eu descobri que se fizer também as coisas simples, banais, mas com simplicidade, o melhor possível, por Ele, eu fiz tudo!”.

Giovanni nasceu e morava em Trieste e era ainda criança quando o pai faleceu. Desta forma, no vórtice de uma vida feita de estudos acadêmicos e trabalhos ocasionais, conheceu Maria Clotilde, na universidade. Casaram-se no dia 4 de julho de 1957 e ambos começaram a lecionar em duas escolas de ensino superior, em Trieste (Itália). De 1959 a 1965 nasceram Paola, Lucio, Marina e Franca. Em 1974 o casal Torelli adotou um filho, Francesco.

Em 1963 por meio de um convite da Ação Católica, Giovanni conheceu a espiritualidade dos Focolares com o objetivo de edificar e solidificar a vida paroquial. Ele ficou muito satisfeito de conhecer os focolarinos, mas, também, incerto: “Eu estava imerso em problemas sociais, problemas na escola. Naqueles encontros se falava de pequenas coisas, de coisas infantis, de pequenas experiências, de doar um copo d’água a quem tem sede… De qualquer forma, eu percebi que atrás de tudo aquilo existia algo de muito importante, que valia a pena conhecer”.

Com o seu típico modo de ser, brincalhão, Giovanni disse ainda: “De tanto ouvir falar de amor, amor daqui, amor dali… eu entendi que amar significa querer o bem do outro”. Um dia ele tomou uma decisão “histórica”: ele mesmo preparou o almoço para a sua esposa, para fazer-lhe uma surpresa! Com o passar do tempo, compreende que também as coisas simples, as coisas infantis são importantes! Compreende que este amor que se torna “concreto” é o núcleo da mensagem do Evangelho e, segundo o seu estado de casado, decide entrar no focolare.

Aos poucos as suas atitudes se transformam, especialmente no ambiente do trabalho. Em relação às constantes discussões entre os colegas, por exemplo, ele disse: “Compreendi que eu deveria entrar nas fissuras, sem confiar, evidentemente, nas minhas capacidades ‘lógicas’, mas, sabendo que somente Jesus sabe renovar todas as coisas”.

Em 1976, num intervalo de poucos meses, Maria Clotilde recebeu o diagnóstico de um tumor e Giovanni foi internado, com problemas no coração. Seguiram-se anos de sofrimentos, mas sempre vividos com a confiança em Deus.

A separação da esposa – que faleceu em 1987 – foi dolorosa, mas o fortaleceu mais profundamente em Deus. Em 1988 foi necessário submeter-se a uma cirurgia no coração. Com o bom humor de sempre, ele disse: “Por razões que só o coração conhece, devo permanecer fora de Trieste por algumas semanas!” Antes de entrar na sala de cirurgia ele cumprimentou a todos, com serenidade. Naquele mesmo dia, 20 de dezembro, por causa de algumas complicações, ele faleceu de maneira completamente imprevista.

Trechos de alguns escritos lidos no seu funeral, com uma multidão presente, demonstram claramente o estilo de vida de Giovanni Torelli. Citamos apenas um: “Vez ou outra alguém me diz que sou um fracasso total! E eu fico chateado… fico com vontade de dar explicações, de dizer que, talvez, eu tenha feito algo de bom em outros setores, esquecendo-me que é Jesus que age em mim… Então, eu O escolho e basta; e depois, sim, eu sinto-me rico, rico somente Dele!”.