Foi uma tarde especial, rica de significados. Senti-me envolvida numa atmosfera de família, a simplicidade do jantar compartilhado fez com que me sentisse em casa. É um espetáculo muito bonito, que responde às exigências dos tempos de hoje. O meu único pesar é por não ter convidado muitas outras pessoas. Nós gravamos curta metragens e entendemos de recitação. A direção foi fenomenal. Recitar estes textos com um ritmo assim, tão veloz, contribuiu para torná-lo mais vivo. Não foi nada monótono, embora a temática seja muito séria!. São apenas algumas das impressões dos atores e do público presente na apresentação em um teatro de Prato (Itália), dia 14 de dezembro passado.
«A peça que escolhemos explicam os atores e o diretor é muito especial: O Visitante, do francês Eric-Emmanuel Schmitt, um texto que, com leveza, ironia e originalidade, interpela cada expectador com as questões fundamentais do homem. Por isso é muito propício para as finalidades do diálogo».
Idealizado como um «teatro-fórum», o espetáculo foi organizado pelo grupo de diálogo entre pessoas de diferentes convicções de Prato, ligado ao Movimento dos Focolares, juntamente com a companhia «La Sveglia», Onlus, de Sena, com 35 anos de atuação, que o encenou.
«O ponto crucial do espetáculo, ambientado em Viena, em 1938 explicam é o diálogo entre Sigmund Freud e um misterioso visitante, que percebe-se ser Deus: um diálogo por nada banal, no qual qualquer pessoa pode se reconhecer».
Durante duas horas, o público de cerca de 100 pessoas manteve uma atenção profunda, acompanhando o texto e a ardente interpretação.
Terminada a apresentação foi aberto o fórum que se desenrolou espontaneamente, num clima familiar, com as reflexões suscitadas pela peça. Manifestaram-se pessoas já atuantes nesse diálogo e também outras, iniciantes nessa experiência de encontro.
Os próprios protagonistas expressaram o significado que tem para eles esta obra teatral, a gênese da sua montagem e a própria alegria por apresentá-la num ambiente como aquele.
A iniciativa teve a participação de todos, um grupo de diálogo em plena ação. Alguns ocuparam-se dos convites e da organização, outros cuidaram da publicidade, outros ainda do pensamento de Chiara Lubich proposto aos presentes durante o jantar comunitário que concluiu a noite. E ainda houve quem colocou à disposição o caminhão para transportar o material para o jantar; um chef de cozinha, membro do grupo de diálogo, preparou a macarronada alla sorrentina para o almoço dos atores, outro providenciou a filmagem, outros ainda haviam feito os contatos com o teatro e com a sociedade de direitos autorais, além daqueles que contribuíram para o êxito da discussão final com a própria cultura e sensibilidade.
Foi unânime a aprovação para essa iniciativa: «Não apenas uma tarde no teatro, mas uma oportunidade de encontro e escuta, antes de tudo consigo mesmo, para depois abrir-se a diálogos verdadeiros».
E já que a companhia La Sveglia se disponibilizou para outras representações, um dos presentes, que trabalha com presidiários, chegou a propor ao diretor uma apresentação no presídio, e alguém lhe sugeriu a montagem de outros textos, comprometedores como este.