Minoti Aram

Na manhã do dia de Natal recebemos uma notícia imprevista: Minoti Aram faleceu, em Dubai, onde encontrava-se com a família de seu filho Ashok.

Há muitos anos ela usava uma cadeira de rodas e a sua saúde causava preocupação pelos muitos altos e baixos, mas a sua natureza indômita havia sempre superado todas as crises. Continuava a ser uma referência para milhares de pessoas que vivem na região do Shanti Ashram de Coimbatore (estado do Tamil Nadul, sul da Índia).

Casada com o Dr. Aram, educador, pacifista, membro do senado indiano, Minoti conduziu sua vida no espírito gandhiano e,  junto com o marido, fez nascer, na década de 1980, o Shanti Ashram, um laboratório de paz e de compromisso social.

Minoti Aram, Natalia Dallapiccola

Acompanhou o marido também em sua atividade no diálogo inter-religioso. Por muito tempo o Dr. Aram foi um dos presidentes da Conferência Mundial das Religiões pela Paz (hoje, Religiões pela Paz). Por esse motivo havia conhecido Natalia Dallapiccola, uma das primeiras focolarinas, em Pequim, nos anos 1980. Como Minoti gostava de recordar, elas tornaram-se “irmãs”. Após a morte do Dr. Aram (no final da década de 1990), Minoti quis realizar um desejo dele, o de convidar Chiara Lubich para ir à Índia.

Em 2001 propôs às diversas organizações gandhianas do Tamil Nadu (Sarvodaya) que fosse conferido a Chiara o “Prêmio Gandhi, defensor da Paz”. A sua proposta foi acolhida e Chiara passou três semanas na Índia. Em Coimbatore, além de receber o prêmio, Chiara falou a um público de seiscentas pessoas, hindus. No dia seguinte, com Minoti, sua filha Vinu e alguns de seus colaboradores, reuniram-se para entender como continuar o diálogo já iniciado.

Chiara Lubich, Minoti Aram

Tiveram início as chamadas “Sarvo-Foco Pariwar”, mesas-redondas da família do Sarvodaya e do Focolare. Minoti Aram sempre esteve presente, para animar este original caminho de diálogo. O grupo cresceu, muitos dos colaboradores da família Aram uniram-se a estes momentos de partilha entre o movimento gandhiano e o Movimento dos Focolares. Começaram a ser feitas também atividades sociais e artísticas, intercâmbio entre grupos de jovens, até a organização do Supercongresso gen 3, em 2009.

Com outros gandhianos, ela participou dos simpósios hindu-cristãos, em Roma, em 2002, 2004 e 2007. Neste último ano, não obstante a sua saúde já muito debilitada, Chiara Lubich desejou encontrar-se pessoalmente com Minoti.

Dois anos atrás, por ocasião do 25º aniversário de fundação do Shanti Ashram, circundada por muitos hóspedes, ela desejou recordar a importância do diálogo com Chiara e Natalia, suas “irmãs”. Nos últimos meses, com insistência ela propôs à sua filha, a Dra. Vinu Aram, que fosse feito no Shanti Ashram um encontro para relembrar Natalia Dallapiccola, porque, ela dizia, “as gerações futuras possam conhecer os pioneiros no diálogo entre seguidores de diferentes religiões”. O encontro foi marcado para novembro de 2014.

Roberto Catalano