Conhecida como região das ilhas de Abaetetuba, este município do estado do Pará é caracterizado pela presença de 72 ilhas, cercadas de rios, igarapés, furos, baías, costas e praias, constituindo um belo cenário natural, com a população ribeirinha e sua vivência característica, que difere daquela das cidades pela peculiaridade de suas riquezas culturais.
Além do trabalho realizado no bairro de Algodoal, na cidade de Abaetetuba, este ano o Projeto Amazônia foi desenvolvido em duas ilhas: Tucumduba e Maratauíra.
Como nas edições anteriores a programação dos dias de Projeto foi constituída principalmente pelas visitas às famílias e, a partir desses contatos pessoais, toda a população envolvia-se nas várias oficinas, momentos de aprofundamento e formação, e nas horas alegres e descontraídas de partilha. Muito felizes, os moradores diziam que era a primeira vez que alguém os visitava e que assim aprendiam também a visitar-se, resgatando o próprio espírito de comunidade. Brotou neles uma nova consciência e a necessidade de estarem atentos às necessidades uns dos outros. Em um dos momentos de oração nas ilhas a celebração da Missa é feita apenas uma ou duas vezes por ano -, o líder da comunidade convidou todos a agradecerem a Deus pela vida de Chiara Lubich: Foi ela que deu a possibilidade para que essa gente viesse nos visitar e nos transmitir a vida do Evangelho….
Com alegria constatou-se que ali existe ainda o núcleo familiar constituído, também alargado, com os avós, tios, primos, o que torna essas comunidades muito harmoniosas, apesar da extrema precariedade em que vivem. Uma das maiores dificuldades é a falta absoluta de comunicação, e os efeitos desse isolamento são visíveis em toda parte, com a desocupação e a falta de perspectivas para os jovens. Nesse contexto é ainda mais ressaltado o papel determinante assumido pela Igreja no aspecto da formação e conscientização das populações das ilhas.
Uma característica do Projeto Amazônia em Abaetetuba este ano foi a participação de órgãos públicos – Defensoria Pública, IFPA, Prefeitura Municipal de Abaetetuba, Museu Emilio Goeldi, Associação Comercial, Alcoólicos Anônimos e Detran que contribuíram com aulas e ações sociais segundo as necessidades da comunidade, como a formação à cidadania e a conscientização de seus direitos e deveres. Foi um passo muito importante, que abriu espaço de colaboração entre as entidades e a comunidade que poderá ter continuidade também depois do Projeto.
Para todo o grupo dos missionários, a experiência foi fascinante um desafio de inculturação no uso dos objetos, do banheiro, da rede para dormir, nas comidas – e ao mesmo tempo forte e desafiadora. Todos falavam de conversão, da exigência de reavaliar aquilo que se possui de material e de viver com ainda maior decisão o Ideal da unidade. Um deles, vindo de São Paulo, falou de sua experiência: Sou professor e tenho contato com muitos jovens. Estava convencido de que é necessária uma geração para consertar os erros cometidos no presente. Voltando das ilhas, depois do encontro com aqueles 300 jovens, aos poucos comecei a mudar de ideia. Agora tenho certeza que com a vivência do Evangelho a mudança é possível… e não precisa esperar os 25 anos que dizem os especialistas. E outra pessoa: Numa das visitas encontramos um senhor doente, num estado repugnante, não estava limpo nem cheiroso. Dentro de mim disse: é Jesus. Aproximei-me, tomei suas mãos, falei-lhe do amor de Deus e o escutei. Seu maior sofrimento é a solidão e ele ficou feliz com a nossa visita. Mas a maior felicidade foi a minha. Havia encontrado Jesus verdadeiramente. E uma missionária de 82 anos: Os meus companheiros durante as visitas foram uma jovem e um menino. Diante de cada pessoa procuramos dar somente Deus… não senti nenhum cansaço, tínhamos mais saúde nesses dias que em toda a vida nas nossas casas com tanto conforto. Faço um convite: vamos todos ao Projeto Amazônia! É a nossa plena realização.
No total eram 34 pessoas, vindas de outras cidades e estados, com os membros da comunidade do Movimento dos Focolares da cidade de Abaetetuba. Eles escreveram: Na avaliação final foi espontâneo recordar o chamado do Papa Francisco para ir ao encontro das periferias existenciais e a experiência vivida nestes dias nos deixou cheios de profunda alegria; saímos para ir ao encontro do irmão, e retornamos mais HOMENS, conscientes do nosso papel de protagonistas na criação de um mundo mais humano e mais cristão.
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