
Telefonando para o apartamento de Damasco tivemos a sorte de encontrar uma amiga da nossa correspondente que tinha ido fazer uma inspeção. «Sabe, na capital também caem muitas bombas, mas aqui estamos bem». Ela tenta me tranquilizar e tranquilizar a si mesma, porque prossegue dizendo: «Vivemos momento por momento, não sabemos do nosso amanhã e por isso é o hoje que conta». Ela não trabalha há mais de dois meses porque seu chefe havia pedido que ela fizesse coisas desonestas e ela se demitiu. Não quis me dizer de que tipo de trabalho se tratava: mantém a reserva, para si e para o chefe. Mas dois dias atrás apresentou o seu currículo, e mais uma vez está esperando que algo mude.
Fala-me de seus pais. Eles moram em Talfita, próximo a Maaloula, a vila de onde foram raptadas as freiras ortodoxas no dia 3 de dezembro. Há uma grande aflição pela sorte delas. «Uma amiga minha falava com elas todos os dias, mas naquela terça-feira o telefone tocava, tocava, e ninguém respondia». Enquanto isso, um canal de televisão dos rebeldes mostrou um vídeo onde as religiosas declaravam não terem sido raptadas, mas protegidas contra os ataques na região. Mas ninguém acredita totalmente nisso.

A vida é muito difícil no norte do país, onde os rebeldes se mostram tão cruéis quanto o exército. Faz frio e a falta de eletricidade não consente uma vida normal. A necessidade é suprida com geradores a gasolina, mas o combustível serve mais para aquecer do que para iluminar. «A nossa vila foi quase toda queimada. As pessoas não saem de casa nem para comprar os itens de primeira necessidade. Contudo, Deus continua a intervir e a salvar a nossa vida, mas não vemos vislumbres de paz, tudo nos parece sem sentido, sem uma finalidade. Quando poderemos dizer chega a essa violência?».
Aos cuidados de Maddalena Maltese
fonte: Città Nuova