O nosso tempo exige cristãos que sejam quase um livro aberto que narra a experiência da vida nova no Espírito, a presença daquele Deus que nos sustenta no caminho e nos abre para a vida que jamais terá fim. Estas palavras do Papa Bento XVI, durante a catequese sobre o Ano da Fé, expressam o objetivo do Congresso Sacerdotal que se realizou contemporaneamente às últimas sessões do Sínodo dos Bispos (22 25 de outubro): oferecer a contribuição do carisma da unidade para o estilo de vida presbiteral inaugurado pelo Concílio – o sacerdócio mariano – para responder aos desafios da nova evangelização.
Participaram 80 sacerdotes provenientes de várias regiões do Brasil. O congresso realizou-se na cidade testemunho do Movimento dos Focolares, a Mariápolis Ginetta, localizada próxima à cidade de São Paulo.
O tema central dos três dias foi Maria, transparência, fecundidade e missão. Palavra e vida harmonizaram-se através de reflexões teológicas, experiências de sacerdotes, adolescentes, jovens e famílias, apresentações artísticas, concretizações no campo econômico, do trabalho e cultural, que compõem a Mariápolis Ginetta. Demonstraram-se o livro aberto que evidenciou a vida nova do espírito que floresce quando se vivencia a visão da Igreja delineada pelo teólogo Urs Von Balthasar e, inúmeras vezes, retomada pelo Papa Wojtyla e também pelo Papa Ratzinger, na qual Maria tem um papel fundamental, tão essencial quanto o papel petrino.
O bispo de Barra do Piraí – Volta Redonda, Dom Biasin abriu o encontro retomando as esperanças de renovação lançadas pelo Concílio e o terreno que o preparou como, por exemplo, o florescimento de novos carismas. Com relação ao Movimento dos Focolares, citou as palavras de João Paulo II em uma audiência com um grupo de sacerdotes, na qual afirmou que o Movimento dos Focolares antecipou o espírito do Concílio principalmente pela sua inspiração mariana, e ainda acrescentou: Onde existe a presença de Maria, a Igreja se renova.
Dom Biasin evidenciou alguns traços do sacerdócio que se molda em Maria: o serviço como a maior promoção para um sacerdote, o empenho em construir relacionamentos fraternos nos quais não existe espaço para relações de submissão, mas co-responsabilidade, a escuta do povo, a docilidade em deixar-se conduzir pelo Espírito Santo, aspectos que se tornaram ainda mais incisivos quando ele os ilustrou com suas experiências pessoais.
O estilo de Maria é a vivência do Evangelho, revestida da Palavra. Foi esta a compreensão sobre Maria revelada a Chiara Lubich e ao primeiro grupo de jovens que a seguiu. Através de um vídeo, Chiara Lubich contou a sua experiência: no final dos anos 40, um período de luz, no qual Maria se revelou a ela com toda a sua beleza: completamente revestida da Palavra de Deus, Maria, modelo do cristão, nosso dever ser, enquanto somos o seu poder ser. Até o ponto de ter a possibilidade extraordinária, através do amor recíproco, de gerar assim se expressou Paulo VI Jesus entre nós, assim como Ele prometeu no Evangelho: Onde estiverem dois ou três reunidos no meu nome, – no meu amor, explicam os padres da Igreja aí eu estou no meio deles. (MT 18, 20). O mesmo Jesus que nasceu fisicamente no seio de Maria!.
A comunhão fraterna possibilita o encontro pessoal com Jesus, experiência que o Sínodo considerou uma urgência para os nossos tempos: transforma a vida, a sua Presença é palpável, percebe-se com os sentidos da alma, porque se experimentam os frutos do Espírito que Ele traz consigo: paz, luz, amor, força, como sublinhou Padre Antônio Capelesso na enriquecedora reflexão sobre a forte conexão entre esta presença de Jesus na comunidade e a eclesiologia do Vaticano II.
Uma Presença experimentada durante o Congresso sacerdotal, que teve a comunhão entre sacerdotes e com os leigos como sua principal característica. As impressões dos participantes o demonstram:
Deus me falou dando-me força, firmeza, coragem, abertura para aceitar suas propostas, seu caminho, o que Ele quer de mim.
Cada palavra proferida, cada testemunho, atitude, olhar, cada aperto de mão, cada abraço foi um bálsamo que cura …..
Um momento de experiência com Deus.
Foi uma retomada da minha vida espiritual e pastoral na sua plenitude….
Uma revisão de vida e de mergulho na vida de Maria… que não só embeleza meu sacerdócio, ma o torna vivo, acolhedor e fecundo.