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Vivendo a fraternidade na política em Guaramiranga (CE)

Experiência do Almir Franco – Guaramiranga (CE)
 
Sou Almir Franco, voluntário de Deus, do Movimento dos Focolares. Moro em Guaramiranga, no Ceará, uma cidade com aproximadamente sete mil habitantes, que vive praticamente do turismo. Há alguns anos, mais precisamente em 2008, me candidatei a vereador, impulsionado pelo desejo de realizar algo que fosse feito em benefício do próximo. Tinha o desejo de levar a luz do carisma do Movimento dos Focolares também para a política.
Fui eleito para o mandato que ia de 2009 a 2012. Mas em 2011, fui convidado para assumir a secretaria de cultura e turismo da cidade. Cultura é uma temática muito forte em Guaramiranga, onde acontecem grandes eventos, inclusive de visibilidade mundial como o Jazz e Blues (no carnaval), o Festival Nordestino de Teatro e outros.
Além disso, a economia do município gira em torno do turismo, o que torna essa secretaria muito importante e, por isso, um privilégio para quem a assume.
Mas, naquele momento, eu fiz uma leitura crítica desse convite. Embora fosse amigo do prefeito, suspeitava que seu pedido para assumir a secretaria fosse uma forma de me “conter” politicamente, devido a minha postura de falar a verdade, mesmo se isso atingisse meu grupo político.
De fato, sempre procurei me posicionar em favor da verdade e não apenas para defender a administração.
Por outro lado, a área de cultura e turismo passava por um momento muito difícil: havia pousadas prestes a fechar, pessoas seriam demitidas, entre outros problemas. O fato é que faltando um ano e meio para um novo pleito, quando eu tentaria a reeleição, o prefeito insistiu para que eu assumisse essa secretaria.
A questão era: como eu poderia assumir uma secretaria que estava passando por um momento tão delicado?
Ao mesmo tempo, eu sinto o desejo de abraçar aquela dor do irmão que poderia ficar desempregado, a dor dos proprietários daqueles estabelecimentos de comércio que poderiam fechar. Então, depois de conversar com alguns amigos, arrisquei aceitar o convite.

Um novo desafio 

Assumi a secretaria e comecei a mobilizar as pessoas, os empresários e a própria cidade; consegui espaço nos jornais impressos, no rádio e na televisão para promover outros festivais que pudessem trazer pessoas para a cidade, tendo em vista gerar renda e alavancar novamente o turismo na região.
Também procurei estimular manifestações culturais da zona rural, dando espaço para que também as pessoas simples fossem protagonistas daqueles festivais de raízes locais.
Em pouco tempo, a cidade passou a receber novos visitantes; surgiram novos estabelecimentos comerciais; as pousadas que antes estavam em situação difícil, começaram a contratar mais pessoal. Outros dois desafios a serem superados diziam respeito à revitalização da praça de alimentação e do Teatro Municipal de Guaramiranga, na região central da cidade.
No primeiro caso, uma situação específica que acontecia era que os proprietários dos restaurantes não se davam bem e isso costumava afetar as apresentações culturais que aconteciam justamente nessa região central. Eu me perguntei: o que eu posso fazer para construir a fraternidade naquela praça, entre aqueles donos de restaurantes? Comecei uma amizade com cada um deles. Aproveitava para falar bem de um para outro. Havia resistências nesse sentido, mas eu não desisti. No final, consegui unificar aquela praça a ponto dessas pessoas se tornarem grandes amigas, de se quererem bem e se ajudarem mutuamente.
Olhando para tudo isso, vi que essa experiência tinha sido um grande presente de Nossa Senhora. Pude contemplar durante esse período, como secretário de cultura e turismo da minha cidade, essa fraternidade entre pessoas que antes eram até mesmo inimigas.
Hoje, não sou vereador nem atuo na administração municipal, porque dou uma assistência a minha mãe (que está com 85 anos) e um tio (que sofre com a doença de Parkinson). Não voltei a meu candidatar, mas sigo sempre participando da vida política em Guaramiranga. Isso porque compreendi que, quando somos capazes de encarnar as palavras do Evangelho, dá para fazer a diferença também nesse universo da política.
 
(Transcrição/adaptação textual de Luís Henrique Marques)

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