Chiara Lubich
Chiara e os brasileiros
Chiara esteve no Brasil 6 vezes – em 1961, 1964, 1965, 1966, 1991 e 1998 – e em todas elas demonstrou um amor especial pelo nosso povo ao qual apelidou repetidamente como “magnífico, magnânimo, bom, que dá tudo: o coração e as coisas.” Numa conferência de imprensa em São Paulo, em 98, a um jornalista que lhe perguntou qual era a importância do Brasil para o Movimento, ela respondeu:
“Os brasileiros conhecem a humildade, não são orgulhosos. Eles são muito inteligentes e têm coração.”
Chiara Lubich
Nas várias viagens em nossa terra Chiara partilhou conosco nossas riquezas e sofreu as tragédias do nosso país. Cada vez que vinha, era como uma forte injeção de luz e amor do Evangelho, que despertava novas energias, novas obras, novas iniciativas para remediar a desigualdade social, a pobreza, a violência, o desenvolvimento de “dons dados por Deus” para o nosso povo.
Que tal refazer agora as viagens de Chiara pela nossa terra?
1961
Foram anuladas as diferenças sociais: tinha-se formado uma comunidade de irmãos, um juiz ao lado de uma empregada doméstica, um médico ao lado de um camponês. Jovens e adultos, ricos e pobres ligados pelo amor recíproco, que colocavam bens e talentos a serviço. O estilo de vida dessas pessoas se torna a comunhão de bens espirituais e materiais, como acontece no Movimento pelos lugares onde se difundiu. Naquele ano eram já algumas centenas de pessoas que tinham aderido à proposta do Movimento. E depois de 50 anos são mais de 200.000 em todo o país.
1964
Chiara ficou fortemente impressionada pelas desigualdades sociais que experimentou pessoalmente, no contraste entre os mocambos da cidade e a casa luxuosa de um simpatizante do movimento, onde ela estava hospedada. No seu diário anota “A fome e a sede de justiça é uma das bem-aventuranças que devemos sentir vivas e vibrantes para fazer alguma coisa. Como é urgente a revolução do Evangelho!” A Giorgio Marchetti, um dos responsáveis, diz:
“É necessário que o movimento pense nos pobres. O objetivo do Movimento no Brasil são os pobres”.
Nesse mesmo ano, pessoas do Movimento assumem uma obra iniciada por um jesuíta para a recuperação de um dos bairros mais pobres de Recife, chamada Ilha do Inferno. Desenvolve-se uma ação de saneamento e de desenvolvimento com a plena participação da população local. A ilha receberá o nome de ilha “Santa Teresinha”. “A mensagem do Evangelho, vivido por pessoas que compartilharam tudo conosco e juntos procuraram para nós os meios de sustento, tornou-se algo que nos libertou por dentro, nos abriu um novo horizonte e levou-nos a fazer da nossa vida uma “santa viagem”, enquanto sujeitos da transformação do nosso ambiente social”. É esse o testemunho de Johnson, habitante do bairro que veio a ser um dos protagonistas da sua reconstrução social e membro ativo do Movimento há muito tempo.
1965
1966
1991
De fato, nos dias subsequentes, em contínua comunhão com os responsáveis do Movimento, amadurece um projeto que se revelará proposta de uma nova economia. Terá o nome de Economia de Comunhão: síntese genial entre as propostas mais ousadas de uma justa comunhão de bens e a exigência do máximo respeito pela liberdade individual – que inflamou os membros do Movimento no Brasil e logo invadiu o mundo inteiro, conquistando a adesão de muitas empresas – só no Brasil, uma centena.
1998
A Universidade de São Paulo (USP) conferiu-lhe a Medalha ao Mérito. O reitor, Jacques Marcovich, definiu Chiara “um dos mais expressivos líderes religiosos e sociais deste século”.
Na oportunidade, o então deputado e governador de São Paulo, Franco Montoro, reconheceu a sua “contribuição histórica para o movimento universal de renovação de valores no mundo contemporâneo”. Após ter visitado o Polo Spartaco, Montoro relevou que “a Economia de Comunhão é um aspecto da grande mudança de que o mundo precisa: substituir o lucro como valor fundamental pela pessoa humana, valor fundamental da vida pública”.
A Pontifícia Universidade Católica (PUC) lhe confere o Doutorado Honoris Causa em Humanidades e Ciências da Religião.
Chiara é agraciada também com a láurea honoris causa em Economia pela Universidade Católica de Pernambuco (Unicap). Por fim, até o governo brasileiro lhe havia preparado o mais alto reconhecimento que pode ser conferido a um estrangeiro por serviços prestados à nação. Não podendo ir até Brasília, Chiara é condecorada em Roma, no dia 8 de outubro de 1998, com a prestigiosa Ordem do Cruzeiro do Sul, pelo embaixador do Brasil junto à Santa Sé em Roma, em nome do Presidente da República Fernando Henrique Cardoso, reconhecendo principalmente a Economia de Comunhão enquanto “forma inovadora e eficaz de luta contra a pobreza e a exclusão”.
O patrimônio cultural, social e espiritual de Chiara permanece não só na vida de seus filhos espirituais, mas sempre mais na sociedade. Entre os sinais: desde o ano 2014 na Unicap em Recife e na Faculdade de Caruaru foi criada a Cátedra Chiara Lubich.