Diálogos
Diálogo com pessoas sem convicções religiosas
Unir as nossas forças, de quem não está particularmente interessado na fé e de quem crê, porque é por demais belo e necessário o ideal de uma humanidade livre e igual, irmanada pelo respeito e o amor mútuo.
Chiara Lubich
O Movimento dos Focolares também busca construir pontes de diálogo com pessoas que não possuem um referencial religioso. Chiara mesma protagonizou essa experiência com o seu próprio irmão e depois, no âmbito do Movimento. Assim como Chiara, os membros do Movimento procuram aprofundar e promover um diálogo baseado nos valores humanos com quem não tem uma fé.
A história
No final dos anos setenta, com a difusão do Movimento, a abertura para com pessoas sem uma fé religiosa, como agnósticos, indiferentes e ateus, amadureceu ao ponto de exprimir-se em um diálogo com uma fisionomia própria, já que a unidade é também respeito profundo pelo homem, pela sua dignidade, identidade, cultura, pelas suas necessidades e por aquilo em que acredita.
Por este motivo surgiu o “Centro internacional para o diálogo com pessoas de convicções não religiosas”, em 1978. Em 1992 foi organizado, no Centro Mariápolis de Castelgandolfo (Roma), o primeiro congresso internacional, que desde então se repete periodicamente. Em Loppiano, em 1995, houve o primeiro encontro com Chiara, e em 1998, em Castelgandolfo, o segundo.
Com os vários congressos realizados em Castelgandolfo, os relacionamentos tornaram-se sempre mais numerosos, formaram-se grupos de diálogo em vários lugares, principalmente na Europa e na América do Sul. Estes “amigos” sentiram-se cada vez mais, parte do Movimento, mantendo suas características específicas.
Por ocasião do Encontro de 1997, uma importante mensagem de Chiara chegou aos amigos de convicção não religiosa. Chiara insistia no compromisso deles com a unidade:
(…) Vocês também são animados por um único espírito de amor à humanidade, que deve ser uma só família, e comprometidos em concretizar esse espírito em obras (…). Da parte dele (o Movimento) que é apoiada pela fé, uma oração é elevada a Deus todos os dias, para que esse diálogo decole o mais rápido possível, especialmente nas terras, como aquelas (na Europa) do leste, nas quais no passado recente, milhões de homens e mulheres viveram sonhando com um mundo mais unido na justiça e na paz, um ideal que hoje pensam estar completamente comprometido. É preciso saber que existem aqueles que estão empenhados em manter vivos aqueles sonhos específicos que não podem perecer. De fato, quem pode pensar em uma convivência humana sem os valores de solidariedade, paz, unidade, mas também de direitos humanos, justiça, liberdade e vida? Eles são sempre atuais e, portanto, devem ser repropostos aos homens e mulheres de nosso tempo, revitalizados por novas motivações. E é isso que queremos fazer todos juntos.
Em 2001, Chiara se perguntava: “Como pode ser que as pessoas que não tem fé se interessem pelo nosso Movimento, que nasceu de uma profunda fé religiosa?” E ela mesma responde dizendo: “Sim, se interessam, querem estar conosco porque nós acreditamos numa religião não relegada unicamente ao céu, mas profundamente humana…” porque Jesus é Deus e homem juntamente.
O fundamento
O fundamento deste diálogo tem suas bases em uma abrangência máxima. Não pode ser setorial ou reservado apenas a alguns momentos ou ocasiões, porque nasce de uma abertura ao outro que se enraíza no íntimo do pensamento e do modo de agir. Dialogar, partindo de posições diferentes, só é possível se das duas partes existe:
- A consciência da própria identidade;
- O total respeito pelo outro e pela sua cultura;
- A reciprocidade de quem sabe que possui muito a dar e também a receber;
- A inesgotável paciência de escutar para compreender e confrontar-se com as razões do outro, consideradas sempre e de qualquer modo, um enriquecimento;
- A consciência de que as convicções do outro tem dignidade plena, tanto quanto as nossas.