Chiara Lubich
Cofundadores
Pasquele Foresi
(1929-2015)
Cofundador do Movimento dos Focolares
Nascido em Livorno em 1929 em uma família cristã (o pai, Palmiro Foresi, foi eleito, em 1946, para a Assembleia Constituinte, pela Democracia Cristã, e foi deputado na primeira e na segunda Legislatura), com apenas 14 anos foge durante uma noite para se juntar aos grupos da Resistência que lutam por uma nova Itália. É nesse período que nasce nele a ideia do sacerdócio. Quando volta para casa, entra no seminário diocesano de Pistoia (para onde a família havia se mudado) e depois vai a Roma para frequentar a Universidade Gregoriana. Esta vida, porém, parece não satisfazê-lo completamente.
Nesse meio tempo, o pai conhece o deputado Igino Giordani que, por sua vez, apresenta-lhe Chiara Lubich. Profundamente tocado pelo radicalismo evangélico da jovem, o deputado Foresi espera fazer com que ela se encontre com o filho, que está em busca de um cristianismo autêntico, e organiza um encontro inclusive com a elite católica da cidade. Como não pode ir pessoalmente, Chiara manda Graziella De Luca, uma de suas primeiras companheiras, que por um engano chega a Pistoia um dia depois daquele marcado. Quem a recebe na casa dos Foresi é Pasquale, que, por pura cortesia, lhe dirige algumas perguntas sobre sua experiência espiritual e fica profundamente tocado por esta a ponto de pedir para conhecer Chiara.
No Natal de 1949, Pasquale a encontra em Trento e pouco tempo depois decide ir morar na primeira comunidade masculina do Movimento dos Focolares em Roma. Lá, encontra a confirmação da própria vocação e sente reflorescer também o chamado ao sacerdócio. Ele conta: “Não era entrar em uma instituição religiosa mais bela e mais santa que as outras, mas era fazer parte de uma revolução cristã religiosa e civil que renovaria a Igreja e a humanidade”. Em 1954, torna-se o primeiro focolarino sacerdote.
Chiara encontra com Pasquale uma afinidade especial e lhe pede que compartilhe a direção do Movimento.
Pelo seu profundo conhecimento da teologia, Pasquale Foresi sabe reconhecer todo o valor teológico e doutrinal contido nas intuições de Chiara e torna-se interlocutor qualificado nos relacionamentos com a Igreja, sobretudo quando o nascente Movimento está sob estudo do Santo Ofício.
A principal função de pe. Foresi foi a de ajudar Chiara a concretizar em obras o Carisma da Unidade: a cidadezinha de testemunho de Loppiano, próxima a Florença, o grupo editorial Cidade Nova, o Instituto Universitário Sophia que surge em Loppiano em 2007.
“A uma certa altura”, ele mesmo conta, “tive a impressão de ter errado tudo na minha vida e, particularmente, que aquelas coisas positivas que eu poderia ter ajudado a fazer, eram minhas e não de Deus”. Uma angústia espiritual, a sua, que vive como purificação por parte de Deus. E é justamente durante essa prova espiritual, que parece comprometer também seu bem-estar físico, que têm maior realização as inúmeras obras que Chiara vê se concretizarem com pe. Foresi ao seu lado, na veste de Copresidente.
De relevância os seus livros Teologia della socialità [Teologia da socialidade] e Conversazioni con i focolarini [Meditações para o homem de hoje], fonte de inspiração inclusive para outros autores do Movimento.
Ele nos deixou no dia 14 de junho de 2015.
Igino Giordani
(1894 – 1980)
Cofundador do Movimento dos Focolares
Nasce em Tívoli (Itália) em 1894 de uma família de origem humilde; é o primeiro de seis filhos. Na conclusão dos estudos, explode a Primeira Guerra Mundial e Giordani a transcorre na trincheira. Não dispara nem mesmo um tiro contra o inimigo, porque o cristianismo proíbe matar e por esta sua escolha corajosa fica gravemente ferido. Entre os hospitais militares, se forma em Letras e Filosofia. Casa-se em 1920, com a esposa Mya com a qual terão 4 filhos.
A coragem da coerência política
Giordani pode ser tomado como testemunha de uma cultura política que valoriza a coerência, o diálogo, a edificação da paz. Giordani era um homem profundamente livre, inclusive dos condicionamentos do poder: a sua vida nos interpela ainda hoje.
Entre os primeiros a aderir ao Partido Popular Italiano
A sua biografia política começa a partir de 1919, quando o encontramos entre os primeiros a responder ao “apelo aos livres fortes” lançado por padre Luigi Sturzo, fundador do recém-nascido Partido popular. Põe-se em evidência ao grande público através de Revolta católica [Rivolta cattolica] (1925), um livro de acesa oposição ao irrefreável sistema de poder fascista, duro com as alas católicas que cediam às adulações do regime. Já neste texto, afirma a exigência de basear a convivência humana na fraternidade universal. Através de alguns de seus livros apologéticos desafia as ideologias do seu tempo e afirma o espírito de serviço e de caridade que deve animar a política e o poder.
Santidade e política
Candidata-se às eleições de 1924 e de 1946. Em 1946 entrando nos palácios da política, como membro da Assembleia Constituinte e Parlamentar da Câmara dos Deputados pela Democracia Cristã, se faz esta pergunta: “pode um político ser santo?”. Promovido a diretor de “Il Popolo”, jornal de partido, no seu diário anota: “difundir a santidade a partir de uma pobre folha de jornal; difundir santidade a partir de um corredor de passos perdidos*… quem fará este milagre?”.
Bem cedo na nova experiência política encontra não poucas dificuldades. Para não violar a retidão profissional submetendo o jornal aos jogos das correntes de partido, escolhe se demitir da direção; e reza: “esta humilhação sirva para me recolocar, alma nua, diante de Ti, Senhor”. Deve registrar “incompreensões, calúnias, zombarias, abandonos”, que lhe conseguem “desilusões e amarguras”; compreende que são ‘provações’ para se santificar.
Inoxidável pacifista
O seu compromisso com a paz é profético e convicto: é pacifista durante os anos dramáticos do primeiro conflito mundial, quando a sociedade civil estava dividida entre neutralistas e intervencionistas. É pacifista quando preconizava os Estados Unidos da Europa, desde os primeiros anos 1920. E ainda, anseia pela paz e pela fraternidade universal quando – num célebre discurso parlamentar de 1949 – adere ao Pacto Atlântico, entendendo-o não só como um instrumento de defesa, mas um princípio para uma pacificação entre os povos europeus, compreendida a Rússia. A sua ideia de paz brota diretamente da lei da caridade, da exigência de solidariedade, junto com as instâncias racionais, sociais e econômicas. “A guerra é um homicídio” (mata o homem, contra o Quinto Mandamento) “é um deicídio em efígie” (suprime no homem a criatura e a imagem de Deus), e é um suicídio, porque a humanidade é, especialmente hoje, um organismo único, que se autodestrói ferindo-se nos conflitos.
É um homem que pratica a paz, além de pregá-la. Dele se recorda como nos primeiros anos 1950 dialogue, pelas páginas dos jornais que dirige, com expoentes do mundo comunista, como o diretor de “L’Unità” de Milão, Davide Lajolo, em anos em que os comunistas são excomungados pela Igreja. Iniciativa que desperta um certo alvoroço e algumas incompreensões.
Recorda-se também como no final da segunda guerra mundial, em 1945, se prodigue para salvar alguns hierarcas fascistas do linchamento e das execuções sumárias que se sucedem nos dias seguintes à libertação, ele que sofreu sob o fascismo as privações e os sofrimentos da perseguição ideológica e cultural.
Sua é a primeira lei pela objeção de consciência (1949), apresentada junto com o socialista Calosso. Ainda é ele um dos primeiros inspiradores do Entendimento parlamentar pela paz, com Parlamentares provenientes de diferentes partidos (1951).
A sua ideia de democracia parte do conteúdo ético da relação entre os homens, portanto o reconhecimento da dignidade de cada um e do valor de cada um na determinação do bem comum. Em tal sentido, o seu espírito democrático tem raízes na inspiração cristã. Em alguns célebres livros, como Desumanismo [Disumanesimo] (1941), Pioneiros cristãos da democracia [Pionieri cristiani della democrazia] (1950) e As duas cidades [Le due città] (1961), põe em relevo como a política é a organização mais elevada do amor cristão. Não só. Bem consciente de que a política é um campo, mais do que os outros, exposto “à corrupção, à mentira, à ambição” – escreve até mesmo que “o poder sataniza” (1962). Lança esta mensagem, hoje mais do que nunca atual: se todos temos necessidade de santidade, “os estadistas, os legisladores, os administradores da coisa pública precisam de uma ração dupla dela” (1962).
O encontro com Chiara Lubich
1948 é o ano decisivo para a sua vida: tem 54 anos, é um homem reconhecido no campo político e cultural e encontra Chiara Lubich, na época com vinte e oito anos, na qual reconhece um carisma extraordinário. Adere plenamente ao Movimento dos Focolares e ao lado de Chiara desempenha um papel importante para o Movimento e o aprofundamento espiritual da doutrina, a ponto de ser várias vezes designado por Chiara como cofundador.
Após a saída do Parlamento, que aconteceu em 1953, Giordani deixa a política do Palácio para se dedicar à edificação de uma cultura social e política nova, medida sobre uma dimensão maior: a família humana. O encontro com Chiara determinou na sua vida uma reviravolta. Dirá mais tarde: “Todos os meus estudos, os meus ideais, as próprias vicissitudes da minha vida a mim se apresentaram dirigidos a esta meta… Poderia dizer que antes tinha procurado; agora encontrei”.
É fascinado pelo radicalismo evangélico da “espiritualidade de comunhão” anunciada e vivida por Chiara. A nova reviravolta na vida de Giordani produz uma mudança tão profunda que – escreve – “causou um choque nos amigos”. A sua veia polêmica se transforma e Giordani adquire uma nova e marcada sensibilidade ao diálogo profundo. O seu empenho, de individual se faz comunitário e será recolhido, com o passar do tempo, por uma multidão de políticos: do pequeno grupo de Parlamentares que se formou nos anos 1950 a quantos em todo o mundo formam o Movimento político pela unidade, fundado por Chiara Lubich em 1996.
Giordani morre no dia 18 de abril de 1980 e agora está em andamento a causa de beatificação.
* O «corredor dos passos perdidos» é um salão de Montecitório onde os deputados passeiam.