20 anos após sua morte, ensinamentos continuam vivos e guiam a Obra no Brasil.
Por Nicole Melhado
A radicalidade da serva de Deus Ginetta Calliari inspirou centenas de pessoas a seguir Jesus Cristo. Sua autenticidade e força no testemunho cristão vivo ultrapassou as terras italianas, onde nasceu em 1918, e deixou um grande legado especialmente ao Movimento dos Focolares no Brasil.
Nesta segunda-feira, 08 de março, recorda-se os 20 anos de falecimento de uma das primeiras companheiras de Chiara Lubich. Em sua homenagem, foi realizado um Simpósio virtual reunindo amigos na fé e admiradores.
Entre eles, estava o cardeal Dom João Braz de Aviz, que a conheceu ainda quando era seminarista. “Ginetta trazia no coração a consagração a Jesus Abandonado, a fidelidade ao crucifixo vivo. E Pessoalmente, sou grato a Deus por ter tido uma pessoa tão bela e tão próxima a mim no meu caminho espiritual e humano”, disse.
Irmã Maria Inês Ribeiro, presidente da CRB no Brasil e consultora da Congregação para os Religiosos, destacou também o amor concreto que Ginetta expressava por cada pessoa e como ela motivava a seguir em frente. “Para Ginetta, a mulher consagrada é aquela que dá o testemunho como Maria, seja nos momentos de alegria como ao pé da cruz”.
Confira vídeo do Simpósio na íntegra:
Quem foi Ginetta
Ginetta Calliari nasceu em Trento (Itália), em 15 de outubro de 1918. Em 1944, Ginetta conheceu Chiara Lubich, e participou com ela e outras jovens de uma experiência que começaria a se chamar Movimento dos Focolares.
Deparando-se com o desaparecimento de todos os seus sonhos diante da destruição provocada pela Segunda Guerra Mundial, decidiram dedicar-se a suprir as necessidades daqueles que mais sofriam. Entenderam assim que o amor a Deus, o qual havia se tornado seu grande ideal, só poderia existir através do amor ao próximo.
E assim se iniciou o uso de um caderno, no qual se anotava, de um lado, tudo o que se recebia, e do outro, as necessidades. Este foi um dos primeiros sinais da fé carismática de Ginetta. Ela traduzia em vida radical sua fé total no Evangelho.
Em 1959, Chiara envia Ginetta ao Brasil para começar a difusão do Movimento dos Focolares. Naquele mesmo ano, Ginetta, com um grupo de companheiros, desembarcou no porto de Recife (Pernambuco), com o objetivo de iniciar no Brasil um centro do Movimento para além das fronteiras europeias.
“Chegando a Recife foi um choque constatar a desigualdade social, a discriminação, a fome que transparecia nos rostos. Era o encontro face a face com o crucifixo vivo. Disse, então, a mim mesma: Aqui não dá para permanecer passivos. Alguma coisa precisa mudar. O que precisa mudar? O ser humano”. E concluiu: “É preciso pessoas novas, com uma mentalidade nova, pautada pela fraternidade, de modo que surjam estruturas novas e, de consequência, cidades novas, um povo novo!“
Após uma permanência de cinco anos no Nordeste, viajando por todas as capitais daquela região, e levando com a palavra e o seu testemunho o ideal da fraternidade e da unidade, Ginetta foi para a cidade de São Paulo. Em 1969, transferiu-se definitivamente para o município de Vargem Grande Paulista.
Durante cerca de 30 anos, acompanhou pessoalmente a fundação de outros centros de irradiação do Movimento dos Focolares no Brasil: em Brasília, Manaus, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Maceió, São Luís e, passo a passo, o desenvolvimento da Mariápolis Araceli (hoje Mariápolis Ginetta em sua homenagem), sede nacional dos Focolares.
Processo de beatificação
O processo de beatificação de Ginetta Calliari foi aberto em 2007 e atualmente encontra-se na Congregação para a Causa dos Santos, no Vaticano.
“A mensagem é ir atrás de Jesus sem medidas e não se preocupar se por acaso descobrir a própria fraqueza. É preciso ir além, recomeçar. A vida é um eterno recomeçar” (Serva de Deus Ginetta Calliari, 1918-2001).
Saiba mais sobre Ginetta Calliari.