Presidente e copresidente do Movimento dos Focolares, Margaret Karram e Jesús Moran participaram da aula inaugural da Escola de Diálogo, Comunhão e Missão.
Por Belisa Nunes e Nicole Melhado
Em meio a uma sociedade polarizada, a busca pelo diálogo e a construção da fraternidade nunca foram tão urgentes. Em resposta a esse anseio, o Movimento dos Focolares no Brasil em parceria com a Centro Universitário Tabosa de Almeida (Asces-Unita) de Caruaru (PE) está provendo a Escola de Diálogo, Comunhão e Missão como extensão universitária.
A aula inaugural, no fim do mês de agosto, foi transmitida pela internet contou a participação da presidente do Movimento dos Focolares, Margaret Karram, e ministrada pelo copresidente e doutor em Teologia Pontifícia Universidade Lateranense de Roma, Jesús Morán. Participam também dessa aula inaugural o arcebispo de Fortaleza, dom José Antônio Tosi, e o fundador da Fazenda da Esperança, Frei Hans Stapel.
“Esta escola é uma resposta concreta ao convite do Papa João Paulo II na sua carta apostólica Novo Millennio Ineunte, de “fazer da Igreja a casa e a escola da comunhão” para “sermos fiéis ao desígnio de Deus e responder às profundas expectativas do mundo”. Ela se abre alicerçada em raízes sólidas, que prometem um abundante florescimento”, disse a presidente dos Focolares.
Como tema central “O Diálogo”, a aula ministrada por Jesús Moran envolveu os participantes numa reflexão sobre a crise social, política e econômica que a pandemia redimensionou, e apontou o Diálogo como um caminho que supera os desequilíbrios estruturais que permeiam a sociedade. “Jesus Abandonado é a santidade do diálogo. O homem se torna mais homem quando dialoga. O diálogo acontece entre pessoas, e não entre ideias. O diálogo requer silêncio e escuta. No diálogo eu entendo melhor a mim mesmo, se sei dialogar”, salientou Jesús.
Para o teólogo, o diálogo tem uma única lei, que é a lei da reciprocidade. Portanto, só o amor pode fazer com que o diálogo aconteça verdadeiramente. “O diálogo é possível apenas entre pessoas verdadeiras. Duas pessoas verdadeiras podem ter ideias contrastantes, mas sempre dialogarão. E é só o amor que nos faz verdadeiros. Então, quando eu não consigo dialogar com alguém, primeiro eu devo me perguntar se eu sou verdadeiro, e depois retomar o diálogo”.
A nível eclesial, a igreja tem a missão da sinodalidade, que convoca os cristãos a não uma simples comunhão, mas uma comunhão de viver uns pelos outros, desprovidos de preconceito. “Trata-se, como dizia Chiara Lubich aos jovens, muitos anos atrás, de ‘morrer pela própria gente’. Não devemos ir com a nossa decisão pré-fabricada, mas com a nossa decisão de morrer e assumir a dor dos outros”, disse o co-presidente.
Ao final da aula, os participantes expressaram as expectativas sobre o curso e o desejo que esse seja um espaço de diálogo fraterno. “Essa iniciativa veio num momento muito oportuno. Nosso país e nossa igreja necessitam cultivar a cultura diálogo para favorecer nossas comunidades. Temos a esperança que os nossos esforços vão contribuir para essa cultura do diálogo”, disse um dos participantes.
Tal escola responde à solicitação das 23 comunidades que compõem o CEU de Fortaleza – um condomínio que abriga diferentes entidades religiosas. No CEU são atendidas pessoas em situação de vulnerabilidade como dependentes químicos, mulher e crianças vítimas de abuso, portadores de HIV, e ainda são promovidas atividades sociais, culturais e espirituais.
“Já há algum tempo se começou a falar de uma escola de comunhão onde se pudesse de forma mais explícita e, porque não, também de forma acadêmica, incrementar esse aspecto na vida das pessoas e comunidades presentes no CEU”, conta o professor Fernando Gomes de Andrade, da Asces-Unita e da Universidade de Pernambuco (UPE).
Assista o vídeo dessa primeira aula na íntegra:
Saiba mais sobre o curso: Cultura do diálogo é tema de curso de extensão universitária – Movimento dos Focolares