Após seis meses recolhendo medicações e suplementos, um grupo de profissionais da saúde de Porto Alegre (RS) embarcou rumo à Óbidos, no Pará, para uma experiência de comunidade e assistência. Para chegar no município, o grupo subiu o rio Amazonas a bordo de uma lancha de 240 pessoas, em suas palavras, um grande “ônibus” que correu o rio. 

Themis, uma das participantes do grupo, conta que tudo foi novo, cada nova experiência era acolhida. Além de atividades organizadas pelo Focolare de Óbidos, as profissionais promoveram ações de visitas aos doentes, atendimentos, rodas de conversa, ações educativas de escovação e, até mesmo, artesanato com materiais recicláveis, como papel e plástico. 

Cada comunidade ribeirinha recebia o grupo com uma capela florida e enfeitada. Na cerimônia religiosa realizada por um diácono focolarino, não importava o tempo da celebração, todos participavam. 

Experiências 

Durante os encontros educacionais para escovação e higiene oral, Themis conta que entregavam um kit que continha um folder informativo. E em uma das visitas, ela narra que uma criança que ainda não era alfabetizada pediu para que lessem o conteúdo do folder. 

“Estava escrito: segure a escova num ângulo de 45 graus. Então, ele perguntou o que era ângulo. Explicamos, porém, a palavra era nova e a explicação foi de algo abstrato e, em certo momento, ele disse: já sei, desenhou um triângulo, explicamos novamente sobre o ângulo. No dia seguinte nos enviou um vídeo explicando como deveria ser a escovação correta”, narra Themis. 

E poucos dias foram necessários para que o grupo de Porto Alegre percebesse, na prática, o diferente nível de acesso à internet que as comunidades de óbidos tinham das grandes metrópoles. 

Fazenda da Esperança 

“Óbidos tem a experiência da Fazenda da Esperança. Visitamos de carro, verdadeiro rali. As experiências dos jovens da Fazenda nos fizeram chorar. Um deles contou que aos 10 anos entrou nas drogas, levado pelo irmão mais velho. Hoje aos dezoito, não sabe ler, mas tem o sonho de ser um sacerdote: ‘minha mãe me abandonou ainda bebê, e agora Deus cuida de mim’.”

Ações nas escolas

Também nas escolas da cidade elas estiveram presentes. Creches e escolas públicas de Ensino Médio foram palco para atividades direcionadas a quatro temáticas: 

• Sentido da vida;
• Empreendedorismo e trabalho;
• Saúde e sexualidade;
• Nutrição e saúde. 

“Jovens nos procuraram com vários relatos de violações de direitos.” O retorno dos professores e dos alunos mostra a importância de se realizar projetos de cunho dialogal nas escolas, em especial com adolescentes.

“Conhecemos também alguns intelectuais da cidade, Eduardo e Idaliana que nos contaram a história da Cidade, do baixo Amazonas, cultura e trabalhos desenvolvidos por associações da Região. Há tantas riquezas a serem conhecidas, aprofundadas! Acolher, escutar para conhecer e saber o como amar as pessoas nas suas realidades.”