“O Senhor é o meu pastor, nada me falta.” (Sl 23[22],1) | Palavra de Vida – Julho 2024

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O SALMO 23 é um dos salmos mais conhecidos e amados. É um canto de confiança que, ao mesmo tempo, soa como uma exultante profissão de fé. O autor desta oração reza na qualidade de membro do povo de Israel, ao qual o Senhor prometeu, por meio dos profetas, ser o seu Pastor. Ele proclama a sua felicidade pessoal por saber que está protegido no Templo1, lugar de refúgio e de graça, mas quer igualmente, com a sua experiência, encorajar outros a confiar na presença do Senhor.

“O Senhor é o meu pastor, nada me falta.” 

A imagem do pastor e do rebanho é muito apreciada em toda a literatura bíblica. Para compreendê-la bem, devemos pensar nos desertos áridos e rochosos do Oriente Médio. O pastor guia o seu rebanho, que se deixa conduzir com docilidade porque, sem ele, ficaria desorientado e morreria. As ovelhas devem aprender a confiar nele, escutando a sua voz. Ele é sobretudo seu constante companheiro de viagem.

“O Senhor é o meu pastor, nada me falta.” 

Este salmo nos convida a fortalecer a nossa relação íntima com Deus, experimentando o seu amor. Poderíamos nos perguntar: por que o autor chega a dizer que nada lhe falta? Nossa experiência diária nunca está isenta de problemas e de desafios, sejam esses de saúde, família, trabalho etc., sem esquecermos os imensos sofrimentos que muitos dos nossos irmãos e irmãs vivem hoje por causa da guerra, das consequências das mudanças climáticas, das migrações, da violência […].

“O Senhor é o meu pastor, nada me falta.” 

Quem sabe, a chave para a compreensão está no versículo que diz “porque estás comigo” (Sl 23[22],4). Trata-se da certeza do amor de um Deus que sempre nos acompanha e nos faz viver a vida de forma diferente. Chiara Lubich escrevia: “Uma coisa é saber que podemos nos dirigir a um Ser que existe, que tem piedade de nós, que pagou pelos nossos pecados; e outra é viver e sentir-se no centro das predileções de Deus, com o consequente desaparecimento de todo medo que nos freia, de toda solidão, de todo sentimento de orfandade, de toda incerteza. […] A pessoa sabe que é amada e crê com todo o seu ser nesse amor. Abandona-se a ele confiante e quer segui-lo. As circunstâncias da vida, tristes ou alegres, aparecem iluminadas por uma razão de amor que quis ou permitiu todas elas2.”

“O Senhor é o meu pastor, nada me falta.”

Mas quem levou à plena realização esta maravilhosa profecia foi Jesus que, no Evangelho de João, não hesita em definir a si mesmo como o “Bom Pastor”. A relação com este pastor caracteriza-se por um relacionamento pessoal e íntimo: “Eu sou o bom pastor. Eu conheço as minhas ovelhas e elas me conhecem” (Jo 10,14). Ele as conduz às pastagens da sua Palavra que é vida, em particular a Palavra que revela a mensagem contida no “Mandamento Novo” o qual, se vivido, torna “visível” a presença do Ressuscitado na comunidade reunida em seu nome, em seu amor3.

1) Cf. Sl 23[22],6.

2) LUBICH, Chiara. O essencial de hoje. São Paulo: Cidade Nova, 1983, p. 145.

3) Cf. Mt 18,20.

Por Augusto Parody Reyes, com a comissão da Palavra de Vida.

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