Nova configuração prevê redução das estruturas para otimização de recursos – humanos e físicos – e maior liberdade para atuação nas diferentes regiões do Brasil. Saiba como foi o Conselho Nacional.
Por Nicole Melhado
Uma nova configuração estrutural do Movimento dos Focolares foi discutida e proposta no encontro do Conselho Nacional que reuniu quase 200 representantes dos diferentes setores e regiões – focolarinos, voluntários, famílias novas, jovens e religiosos etc. – entre os dias 29 de abril e 1º de maio, na Mariápolis Santa Maria, em Pernambuco.
O encontro foi conduzido pelos responsáveis Márvia Vieira e Aurélio Oliveira e contou ainda com a participação especial dos conselheiros para as Américas, que fazem parte do Centro Internacional do Movimento dos Focolaes na Itália, Bernadette Ngabo Majijima e Angel Bartol. “Chiara dizia que os brasileiros eram ‘ardenti e fancciuli’, pessoas fervorosas e alegres mesmo nas dificuldades e com a alma de meninos, que amam com a doçura do coração”, disse Angel.
Os conselheiros das Américas destacaram que, antes da formação das organizações, é preciso primeiramente prestar atenção para a dimensão da comunhão espiritual, com um olhar particular pelas pessoas, sem esquecer de ninguém. Bernadette reforçou que cada opinião é importante, mesmo que divergentes, e chamou a atenção para que os membros dos Focolares possam estar abertos a levar o carisma da unidade para novas pessoas, em especial para os mais excluídos e para os jovens.
Uma das mudanças propostas é o agrupamento de regionais em núcleos por território, como a região sul (reunindo os três estados), por exemplo. Essas e todas as alterações estruturais devem ainda ser vistas juntamente com os membros de cada comunidade.
“Essa estruturação tem o objetivo de ajudar cada membro e em sua coletividade – nas comunidades, vários setores e movimentos – foque na vida em saída, como o Papa Francisco nos pede. Com menos estruturas e mais próximos às realidades de cada cidade onde estão essas comunidades do Movimento”, explica Aurélio.
Todas as mudanças passaram por um processo de forma que, nos lugares onde não haverá a presença física de um focolare, as comunidades locais, com maturidade, preparo, responsabilidade e sobretudo unidade, possam caminhar sozinhas. Márvia destaca que cada membro dos focolares é protagonista dessa mudança.
“Vimos que gastamos muita energia em gestão e poderíamos ter mais gente trabalhando em projetos de evangelização”, disse o responsável pelo setor dos Voluntário, Antonio Acácio Cesar.
Outra proposta levantada foi a abertura de novos focolares, como em Juruti, no Pará e em Rondônia, no norte do país.
O principal objetivo dessas mudanças estruturais está na otimização de recursos – de pessoas e físicos – para dar mais liberdade para a atuação do Movimento pelas diferentes regiões do Brasil.
Projeto Brasil
Para auxiliar nas decisões estratégicas, foi composto o “Projeto Brasil”, reunindo profissionais dedicados à área de gestão estratégica com uma análise profunda sobre os desafios e novas oportunidade para a Instituição em território brasileiro.
“O Brasil é visto algumas vezes como uma realidade homogênea, e, de fato, não é. Neste mês que estivemos no Brasil, iniciamos nosso percurso pela Amazônia, encontramos uma realidade diversa. É preciso dar espaço para que cada realidade se sinta incluída, respeitada e amada. Mas, temos aqui gente capaz de amar verdadeiramente com todo coração e mente. As pessoas têm necessidade de sentir esse amor verdadeiro”, salienta Bernadette.
A escritora e socióloga Vera Araújo ressalta que o Brasil tem desde sua formação histórica diferenças históricas, sociais e econômicas. “Não é suficiente ver e constatar essas situações negativas. O carisma da Unidade traz a chave de como desativar os efeitos mais devastadores desses conflitos”, disse.
Desafios e diálogos
O tema LGBTQIA+ também foi tema de reflexão no encontro do Conselho. Com base nas orientações da Igreja Católica, ao qual o Movimento dos Focolares pertence, foi proposto um momento de diálogo e acolhimento de pessoas em diferentes situações.
“A Obra e a Igreja querem estar em diálogo com cada pessoa em suas diferentes situações. Para isso o diálogo é essencial, de forma a entender cada um, colocando as pessoas no centro das nossas iniciativas. Temos que ter consciência também de pedir perdão, pois houve momentos que não fomos capazes de acolher e dialogar com essas e outras situações”, explicou Angel.
Genfest
Com a missão também de renovar o Movimento dos Focolares no Brasil, os preparativos do Genfest já movimentam os diferentes setores da Obra no Brasil trazendo o vigor e a animação da juventude. “Durante esse mês de viagem pelo Brasil, e nesses dias de encontro com o Conselho Nacional, penso que vivemos agora um momento histórico e cada um é chamado a colocar a mão na massa. Os fundadores do Movimento no Brasil fizeram sua parte, e agora é a vez de vocês, especialmente dos jovens. E nesse sentido vejo que o Genfest é uma grande oportunidade”, disse Bernadette.
O Genfest será realizado em julho de 2024 na cidade de Aparecida e deve reunir mais de 6 mil jovens de todo mundo. Esse é o principal evento da expressão juvenil do Movimento dos Focolares e será o primeiro realizado em um país latino-americano.
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