Participantes do Movimento dos Focolares relatam experiências da vida em comunidade. Leia e conheça um pouco mais sobre a realidade do Movimento no Brasil.
A COVID fez strike em minha família. Tínhamos nos organizado para passarmos as festas juntos. Há tempos não conseguíamos, porque eu tenho um irmão que mora em Gramado, e uma irmã em Araraquara, meus pais, eu e meu irmão mais velho, moramos em São José dos Campos. Meu irmão, que mora em Gramado, foi o primeiro a testar positivo, já aqui em São José dos Campos. Meus pais ficaram super preocupados porque ele conversou com uma amiga médica, comprou um oxímetro e só. Nenhum tratamento medicamentoso.
Meu pai, particularmente, falava em voz alta que isso era um absurdo, ele estava querendo morrer… Vi ali uma BAAAAAAITA oportunidade de viver o que tenho falado tanto, respeitar o posicionamento de cada um. Sem rótulos, sem julgamentos, sem expectativas, apenas AMOR. Não foi fácil, mas várias vezes me aproximei e repetia “pai, são protocolos diferentes, e precisamos entender que as pessoas podem/devem fazer suas escolhas” Eu fui a segunda a testar positivo, e resolvi fazer um ato de amor aos meus pais, e fiz, no primeiro dia, o protocolo que eles acreditam. Sentei-me com eles e conversei, expliquei meu ponto de vista… No fim, meus pais também testaram positivo.
A médica que atendeu minha mãe seguiu um protocolo, a que atendeu meu pai, outro. Cada um seguiu as orientações do seu médico. Tivemos sintomas leves. Meus pais tiveram sintomas por 3 ou 4 dias… meu irmão e eu tivemos febre 1 dia. Vacina fazendo seu trabalho. E é aqui que quero chegar… Meu pai foi tomar a vacina, porque nós, os filhos, pedimos. Ele fez um ato de amor por nós. E agora, depois desse strike e de muitas conversas, ele entendeu que a vacina funciona. Palavras dele “eu tenho que dar a mão a palmatória, a vacina, realmente, fez seu trabalho.”
Estou dizendo tudo isso, porque muitas vezes nós também somos intolerantes em nome da nossa verdade. Lembrei-me muito das palavras da Vera Araújo, em um dos temas sobre diálogo, que tem me feito fazer um esforço tremendo, dentro e fora de casa: “Um diálogo não quer dizer um colóquio informal, muito menos uma disputa acadêmica. No diálogo não se partilha alguma coisa, alguma ideia com o outro, mas se partilha a si mesmo com o outro.” (Cardeal Casper)
Portanto é muito importante a ESCUTA. Fazer silêncio. Para se dialogar não é necessário falar, mas fazer silêncio. Um SILÊNCIO que convide o outro a se expressar (terrivelmente difícil, mas necessário se queremos dialogar). Vera Araújo É uma experiência pequena, com 2 pessoas, mas que me fazem acreditar que é possível. Ainda que ele continuasse não acreditando na vacina, porque voltamos a conversar sobre coisas que tínhamos desistido, para não nos ferirmos. Foi uma “reconquista” que eu desejo para todos nós.
Renata Leite – São José dos Campos/SP
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