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Neste mês, como lâmpada para os nossos passos, vamos nos deixar iluminar pela palavra e pela experiência do apóstolo Paulo. Ele anuncia também a nós, como aos cristãos de Corinto, uma mensagem forte: que o coração do Evangelho é a caridade, o ágape, o amor desinteressado entre irmãos. A nossa Palavra de Vida faz parte da conclusão dessa Carta, na qual a caridade é recordada e explicada abundantemente em todos os seus matizes: é paciente, é benevolente, ama a verdade, não procura o seu próprio interesse…O amor mútuo, vivido desta forma na comunidade cristã, é um bálsamo diante das divisões que sempre a ameaçam e sinal de esperança para toda a humanidade.
“E o vosso proceder seja todo inspirado no amor.”
Impressiona o fato de que Paulo, no texto grego, nos exorta a agir “permanecendo no amor”, como que para nos indicar uma condição estável, um habitar em Deus, que é Amor. Na verdade, como poderíamos acolher-nos uns aos outros, como acolher qualquer pessoa com essa atitude a não ser reconhecendo que Deus nos amou primeiro, apesar das nossas fragilidades? É esta consciência renovada que nos dá a possibilidade de nos abrirmos aos outros sem medo, para compreendermos suas necessidades e nos colocarmos ao lado deles, partilhando recursos materiais e espirituais.
Observemos como foi que Jesus agiu. O nosso modelo é Ele. Ele sempre foi o primeiro a dar: “[…] deu a saúde aos doentes, o perdão aos pecadores, a vida a todos nós. Ao instinto egoísta de acumular, Ele opõe a generosidade; ao invés da preocupação com as próprias necessidades, propõe a atenção ao outro; em lugar da cultura do ter, alultura da partilha. Não importa se podemos dar muito ou pouco. O importante é ‘como’ doamos, quanto amor colocamos até mesmo num pequeno gesto de atenção para com o outro. […] O amor é essencial, porque sabe relacionar-se com o próximo, mesmo que a atitude seja simplesmente de escuta, de serviço, de disponibilidade. Como é importante […] procurar ‘ser’ o amor junto a cada próximo! É a atitude que nos mostrará o caminho certo para entrar no seu coração e aliviá-lo.”4
“E o vosso proceder seja todo inspirado no amor.”
Esta Palavra de Vida nos ensina a tratarmos os outros respeitosamente, sem falsidade, com criatividade, dando espaço às suas melhores aspirações, de modo que cada um traga sua própria contribuição para o bem comum. Ela nos ajuda a valorizar todas as ocasiões concretas da nossa vida quotidiana: “[…] desde as tarefas de casa, da roça, da oficina, até a execução das atividades burocráticas, das tarefas escolares, bem como as responsabilidades no campo civil, político e religioso. Tudo pode se transformar em serviço atento e solícito.”
Poderíamos imaginar, a seguir, dois retalhos de Evangelho vividos na simplicidade. Um pai e uma mãe escrevem: “Quando uma vizinha, angustiada, nos contou que seu filho tinha sido preso, concordamos em ir vê-lo. Um dia antes da visita, jejuamos, na esperança de termos a graça para lhe dizer a coisa certa. E depois da visita, pagamos a fiança para a soltura.”
Um grupo de jovens de Buea (no sudoeste dos Camarões) organizou uma coleta de bens e de dinheiro para ajudar a população deslocada internamente devido à guerra que estava em curso. Eles visitaram um homem que havia perdido um braço durante a fuga e que enfrentava um enorme desafio para conviver com essa deficiência, pois seus hábitos haviam mudado drasticamente.
“Ele nos disse que a nossa visita lhe deu esperança, alegria e confiança; que sentiu o amor de Deus por meio de nós”, disse Regina. Marita acrescenta: “Depois dessa experiência, estou realmente convencida de que nenhum dom é pequeno demais quando é feito com amor… Não há necessidade de mais nada: é o amor que move o mundo. Vamos experimentar isso!”
1) Esta mesma Palavra de Vida foi escolhida por um grupo de cristãos de diversas Igrejas da Alemanha para ser vivida durante o ano todo.
2) Cf. Sl 119[118],105.
3) Cf. 1Cor 13,1-13.
4) LUBICH, Chiara. Uma cultura nova. Palavra de Vida, outubro de 2006.
5) Idem.
6) PELLEGRINI S., Salerno G. e CAPORALE M. Famiglie in azione. Un mosaico di vita. Roma: Città Nuova, 2022, p. 70-71.
7) Texto adaptado do site https://www.unitedworldproject.org/workshop/camerun-condividere-con-gli-sfollati/