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O reino de Deus é o coração da mensagem de Jesus. É esta a boa notícia que o Evangelho de Marcos nos oferece! Aqui o Reino é anunciado por meio de uma breve parábola, com a imagem da semente que, uma vez lançada na terra, liberta a sua força vital e dá fruto.
Mas, o que é o Reino de Deus para nós, hoje? O que ele tem em comum com a nossa história, pessoal e coletiva, em constante oscilação entre expectativas e decepções? Se ele já foi semeado, por que não vemos seus frutos de paz, de segurança, de felicidade?
“O Reino de Deus é como quando alguém lança a semente na terra. Quer ele esteja dormindo ou acordado, de dia ou de noite, a semente germina e cresce.”
Essa frase nos comunica a total confiança que o próprio Jesus tem no plano de Deus para a humanidade: “[…] Por mérito de Jesus, que veio a esta terra, por sua vitória, esse Reino já está presente no mundo, e a sua realização, que marcará o fim da história, já está garantida. A Igreja é a comunidade daqueles que creem nesse Reino, e é também o seu início1”.
A todos aqueles que acolhem a Palavra, a Igreja confia a tarefa de preparar o terreno para receber o dom de Deus e salvaguardar a esperança no seu amor.
“[…] De fato, não existe nenhum esforço do ser humano, nenhuma tentativa ascética, nenhum estudo nem pesquisa intelectual que lhe permitam entrar no Reino de Deus. É Deus mesmo que vem ao seu encontro, que se revela com a sua luz ou com o toque da sua graça.
E não existe nenhum mérito do qual você possa se gabar ou sobre o qual se basear para ter direito a semelhante dom de Deus. O Reino lhe é oferecido gratuitamente2”.
“O Reino de Deus é como quando alguém lança a semente na terra. Quer ele esteja dormindo ou acordado, de dia ou de noite, a semente germina e cresce.”
Lançar a semente: não a guardar para si, mas semeá-la com generosidade e confiança. “De dia ou de noite”: o Reino cresce silenciosamente, mesmo na escuridão das nossas noites.
Também podemos pedir todos os dias: “Venha a nós o vosso Reino”.
A semente não exige do agricultor um trabalho contínuo, de controle, mas sim a capacidade de esperar, pacientemente, que a natureza siga o seu curso.
Esta Palavra de Vida desperta em nós a confiança na força do amor, que dá frutos no devido tempo. Ela nos ensina a arte de acompanhar com paciência tudo o que pode crescer por si mesmo, sem ansiedade pelos resultados; ela nos torna livres para acolher o outro no momento presente, valorizando suas potencialidades, respeitando sempre seus tempos.
“[…] Um mês antes do casamento, nosso filho nos ligou aflito para dizer que sua noiva tinha recaído na droga. Pediu conselho sobre o que devia fazer. Não foi fácil responder. Podíamos aproveitar a situação para convencê-lo a deixá-la, mas isso não nos parecia o caminho certo. Assim, sugerimos que ele olhasse bem para o seu coração. […] Seguiu-se um longo silêncio. Depois ele disse: ‘Creio que posso amar um pouco mais’. Depois do casamento, conseguiram encontrar um ótimo centro de recuperação com apoio ambulatorial externo. Passaram-se 14 longos meses, nos quais ela conseguiu manter o esforço de ficar longe das drogas. Foi um longo caminho para todos, mas o amor evangélico que procuramos ter entre nós dois, mesmo entre lágrimas, nos deu a força para amar nosso filho nessa situação delicada. Esse amor talvez também o ajude a compreender como deve amar sua mulher3”.
1) LUBICH, Chiara. Vencer o medo. Palavra de Vida, agosto de 1983.
2) LUBICH, Chiara. Como crianças. Palavra de Vida, outubro de 1979.
3) PELLEGRINI, S.; SALERNO, G.; CAPORALE, M. (org.). Famílias em ação, um mosaico de vida. São Paulo: Cidade Nova, 2023, p. 54.
Organizado Letizia Magri com a comissão da Palavra de Vida