“Ela, da sua pobreza, ofereceu tudo o que tinha para viver.”  (Mc 12,43) | Palavra de Vida Novembro 2024 

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Estamos na conclusão do capítulo 12 do Evangelho de Marcos. Jesus está no templo de Jerusalém, observa e ensina. Por meio do seu olhar, assistimos a uma cena repleta de personagens: pessoas indo e vindo, os encarregados do culto, figuras ilustres ​​com longas túnicas, pessoas ricas depositando suas fartas oferendas no tesouro do templo.

De repente entra em cena uma viúva. Ela faz parte de uma categoria de pessoas social e economicamente desfavorecidas. Despercebida na multidão, ela deposita duas moedinhas no tesouro. Mas Jesus a percebe, chama seus discípulos e os instrui:

“Em verdade eu vos digo: ela [essa viúva], da sua pobreza, ofereceu [ao tesouro do templo] tudo o que tinha para viver.”

“Em verdade eu vos digo […]”. São essas as palavras que introduzem os ensinamentos importantes. O olhar de Jesus, concentrado na viúva pobre, convida-nos a olhar na mesma direção: é ela o verdadeiro modelo do discípulo.

A sua fé no amor de Deus é incondicional: seu tesouro é o próprio Deus. E, ao entregar-se totalmente a Ele, a viúva deseja também doar tudo o que pode em favor dos mais pobres. Esse abandono confiante no Pai é, de certo modo, a antecipação do mesmo dom de si que Jesus realizaria em breve com a sua paixão e morte. É a “pobreza em espírito” e a “pureza de coração” que Jesus proclamou e viveu. 

Isso significa “depositar a nossa confiança não nas riquezas, mas no amor de Deus e na sua providência. […] Somos ‘pobres em espírito’ quando nos deixamos nortear pelo amor para com os outros. É então que partilhamos o que temos, colocando-o à disposição de quem quer que esteja em necessidade: um sorriso, o nosso tempo, os nossos bens, as nossas capacidades. Tendo doado tudo por amor, somos pobres, ou seja, estamos esvaziados, anulados, livres, e temos o coração puro.1

A proposta de Jesus revoluciona a nossa mentalidade: no centro do seu pensamento estão os pequenos, os pobres, os últimos.

 “Ela, da sua pobreza, ofereceu tudo o que tinha para viver.”

Esta Palavra de Vida nos convida, antes de tudo, a renovar a nossa plena confiança no amor de Deus e a nos confrontarmos com o seu olhar, para ver além das aparências, sem julgar e sem depender do julgamento dos outros, a realçar o positivo de cada pessoa.

Ela nos sugere que a lógica do Evangelho é a       doação total, que constrói uma comunidade pacificada porque nos impulsiona a cuidarmos uns dos outros. Ela nos anima a viver o Evangelho no dia a dia, sem alarde; a doar com generosidade e confiança; a viver com sobriedade, na partilha. Ela nos convoca a dedicar atenção aos últimos, para aprender com eles.

Venant nasceu e foi criado no Burundi. Ele conta: “Na aldeia, minha família podia orgulhar-se de ter uma ótima propriedade, que garantia uma boa colheita. Nossa mãe, consciente de que tudo era providência do Céu, recolhia os primeiros frutos e os distribuía regularmente na vizinhança, começando pelas famílias mais necessitadas e destinando a nós mesmos apenas uma pequena parte do que sobrava. Com esse exemplo aprendi o valor da doação desinteressada. Assim, entendi que Deus estava me pedindo que eu desse a Ele a melhor parte; mais ainda, que desse a Ele toda a minha vida”. 

1) Cf. LUBICH, Chiara. Pobreza que é riqueza. Palavra de Vida, novembro de 2003. 

Organizado por Letizia Magri com a comissão da Palavra de Vida

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