O Percurso Sinodal 2021-2023 é um convite do Papa Francisco para que a Igreja Católica reflita sobre si mesma e se prepare para o Sínodo dos Bispos em 2023. É mais um dos impulsos do pontífice rumo à participação cada vez mais ampla da comunidade nas decisões da instituição, tendo como meta uma unidade plural da Igreja.
Por ser uma instituição milenar, de maior abrangência e contextualização histórica, a Igreja Católica decide apontar para dentro e acolher a auto reflexão como um fator chave para sua permanência e atualização.
Este movimento de reflexão vem em um período de intensos debates sobre papéis sociais, impulsionados por uma juventude cada vez mais atuante e que se faz ser ouvida. Uma reflexão que também vem acontecendo no âmbito do Movimento dos Focolares, especialmente no diálogo com a cultura e as diferentes áreas do saber.
E quem conhece a história dos Focolares, sabe que sua origem está intimamente ligada ao Catolicismo. Sua fundadora Chiara Lubich, italiana e católica, sempre guiou seus passos a partir dos valores cristãos.
Em 2014, quando encontrou participantes da Assembleia Geral do Movimento dos Focolares, o Papa Francisco concluiu que “o Movimento dos Focolares encontra-se hoje diante da mesma tarefa que aguarda a Igreja inteira: oferecer, com responsabilidade e criatividade, a sua peculiar contribuição a esta nova estação da evangelização”.
Para entender melhor detalhes dessa conexão e da importância do Percurso Sinodal para Igreja Católica e para os Focolares, convidamos Ana Fátima Athis e Aroldo Braga, responsáveis por conduzir esse caminho no Brasil.
1) No interior do Movimento dos Focolares, quais estão sendo as principais reflexões desenvolvidas acerca do Percurso Sinodal, desde 2021, e qual a importância de acompanhar o Percurso?
Ana Fátima: O tema do Sínodo é Por uma Igreja sinodal: comunhão, missão e participação! O Centro do Movimento, elaborou um Instrumento de trabalho muito rico e profundo que nos ajuda a refletir sobre o papel dos Focolares na Igreja, e também sobre o modo como vivemos a nossa espiritualidade que, pela busca constante de Jesus entre nós, já é tipicamente sinodal.
Este documento foi enviado a todas as comunidades do movimento não só aqui no Brasil, mas no mundo inteiro. As suas principais reflexões estão sendo norteadas por 4 temáticas, à luz do Carisma da Unidade: Caminho e Missão, Palavra e Eucaristia, Escuta e Diálogo, e Discernimento comunitário.
Aroldo: O Percurso Sinodal está sendo uma oportunidade que o Focolare, assim como todas as expressões da Igreja, está tendo de refletir profundamente sobre si, a própria Igreja e a humanidade. O Sínodo de 2023 aponta para o futuro partindo da experiência das primeiras comunidades cristãs nesse “caminhar juntos”, que é a própria expressão da sinodalidade. Para o Focolare essa oportunidade de reflexão é que torna importante o acompanhamento do Percurso Sinodal, sendo Igreja como Chiara ensinava.
2) Como está sendo a sua experiência pessoal de acompanhar este processo e o que ele traz de novo para a Igreja e para os Focolares, na sua concepção?
Ana Fátima: Para mim, pessoalmente, está sendo uma experiência apaixonante e gratificante que me impulsiona a conhecer e amar mais a Igreja, com todos os seus sofrimentos, conquistas e desafios. Poderia dizer que a novidade é o exercício da sinodalidade e da comunhão com todos, na cultura do encontro e da confiança, na reciprocidade do amor recíproco, descobrindo que todos são meus irmãos e que temos que caminhar juntos, com Jesus entre nós, para testemunhar a fraternidade.
Aroldo: Pessoalmente é uma experiência que significa o Amor de Deus por mim, quando me dá a oportunidade de participar dessa busca de discernimento a que a Igreja convoca todos os seus filhos. O que ela traz de novo para o Focolare e para a Igreja é esse reencontro com a experiência das primeiras comunidades cristãs. Penso que estamos vivendo o nascimento de um novo tempo que marcará definitivamente a Igreja e dentro dela o Movimento dos Focolares, que encontrará aí um novo impulso para o ideal suscitado pelo Carisma da Unidade.
3) Quais as principais metas da Obra de Maria para o encerramento deste ciclo em 2023?
Ana Fátima: As nossas metas são as mesmas do Documento final da Assembleia Geral do Movimento dos Focolares, realizada em janeiro do ano passado em Roma. A própria Assembleia foi uma forte experiência sinodal. O título do documento final é “Ter coragem de abraçar o mundo, à escuta do grito da humanidade, da criação e das novas gerações”. Queremos durante todo o percurso sinodal rumo ao Sínodo de 2023 reavivar cada vez mais nas nossas comunidades, o nosso “estilo de vida”. Isto é, viver o amor ágape em todas as dimensões da nossa vida, tendo um amor preferencial pelos excluídos. Com um compromisso vital de viver a Palavra, na escuta atenta das diversidades para compô-las na unidade, no impulso de aprofundar a sabedoria, e com convicção de que vale a pena fazer qualquer esforço para testemunhar a presença de Jesus, que nos ilumina e dá esperança de uma sociedade fraterna.