Castel Gandolfo, 11 de setembro de 2022
Relato n. 1
Sobre o encontro anual dos responsáveis de região e do Conselho Geral do Movimento dos Focolares, Departamento e Comunicação do Movimento dos Focolares.
Estimada irmã, Muito obrigado por sua carta de ontem. Muito obrigado pelas inúmeras boas notícias. Asseguro à senhora e a todos vocês a minha proximidade. Eu rezo por todos vocês; por favor, rezem por mim. Que o Senhor a abençoe e que Nossa Senhora a proteja. Fraternalmente, Francisco
Não poderíamos começar de outro modo este primeiro relato do encontro dos responsáveis do Movimento dos Focolares e do Conselho Geral, que enviamos a vocês no mundo inteiro. Finalmente um encontro com a presença de todos, após três anos de pandemia, aberto – como vocês devem ter intuído – pelo Papa Francisco, que respondeu de próprio punho a uma carta que Margaret lhe escreveu no dia anterior.
“Um ano e sete meses se passaram desde minha eleição a Presidente – escreveu Margaret ao Papa em 6 de setembro de 2022 –, e confesso ao senhor, que foi um período árduo, com muitos desafios a serem enfrentados e decisões a serem tomadas. Entendi cada vez mais a sua alusão às “podas”, necessárias ao crescimento e, renovando a minha escolha em abraçá-las reconhecendo-as como Jesus crucificado e abandonado, percebi que a humildade crescia, aumentava a esperança e sentia ainda mais forte a unidade com o senhor, Santidade, com a certeza da ação de Deus. Ao mesmo tempo, testemunhei o germinar de muitos frutos, passos espirituais individuais e comunitários, atenção aos últimos, muitas ações concretas em favor daqueles que mais sofrem”.
Os 104 presentes, representando os muitos povos e culturas de que fazem parte as pessoas do Movimento, se reunirão por duas semanas para compartilhar a vida das comunidades espalhadas pelo mundo, mas também enfrentar desafios culturais e econômicos do Movimento; para aprender uns com os outros, mas sobretudo para partir da mesma raiz.
O retiro espiritual de sábado e domingo, 10 e 11 de setembro, abriu o encontro e também o caminho que este ano somos convidados a percorrer: a vida interior e a oração. Poderíamos definir estes dois dias como um itinerário por etapas, em que a oração pessoal e comunitária e os seus frutos de comunhão e unidade foram explicados, meditados e partilhados. Qual é a minha experiência com a oração? Quais são os obstáculos que encontro? O que me ajuda a rezar? Foram estas as perguntas que iniciaram a reflexão pessoal e a comunhão nos vários grupos.
Veja mais detalhes sobre a mensagem do Papa enviada para Margaret, na ocasião do encontro anual.
O bispo Brendan Leahy, moderador do setor dos Bispos amigos do Movimento, e Mervat Kelli, teóloga da Igreja Siro-Ortodoxa, examinaram as diferentes formas de oração pessoal. “Quer se reze falando com Deus, quer se recitem fórmulas litúrgicas – explicam Dom Leahy e Mervat Kelli – é necessário um coração aberto a Deus, sem se alienar da vida concreta de todos os dias; caso contrário, a oração se torna espiritualismo ou ritualismo”.
“Quando você reza – escreve o monge russo João de Kronštadt – tenha em mente esta regra: é melhor pronunciar cinco palavras do fundo do coração do que dez mil apenas com os lábios”.
Padre Salvo D’Orto (OMI) aprofundou em seguida o aspecto comunitário da vida de oração: “Por meio do batismo rezamos sempre em comunhão com toda a Igreja e em nome de toda a humanidade. Mesmo quando estamos sozinhos, manifestamos as necessidades, as dores e as alegrias da humanidade”.
Lucia Abignente, membro da Escola Abba e do Centro Chiara Lubich, entra no âmago da oração comunitária à luz da espiritualidade da unidade: “Na experiência de Chiara, toda expressão de oração comunitária é oração de quem vive o Evangelho, o mandamento novo de Jesus. É um caminho em que a oração alimenta a caridade e a caridade a oração”.
Sábado à noite todos foram convidados para uma hora de adoração eucarística: uma conversa pessoal e comunitária com Deus. O domingo começou com o que tradicionalmente conhecemos como o “tema do ano”, centrado precisamente na vida interior e na oração. Talvez a palavra “tema” não expresse bem o estilo do que Margaret disse. Antes de tudo, ela abriu o seu coração e partilhou a sua vida interior: a importância da união com Deus para a nossa vida à luz do Carisma, das diversas tradições cristãs e na riqueza da experiência das diversas religiões.
Em breve ouviremos o seu discurso e cada um terá a oportunidade de captar o quanto Deus quer lhe doar; aqui antecipamos dois breves trechos: “Em um mundo vazio e frenético como o nosso, senti a exigência de voltar à raiz como um passo fundamental para enfrentar este tempo. (…) Se não encontrarmos a nossa força ali, na raiz – na conexão com Deus –, não teremos a luz para ir em frente. (…) Repercorrendo o meu primeiro ano e meio como presidente, vi que Deus, desde o primeiro momento, colocou no meu coração o anseio pelo essencial, a união com Deus; eu mesma fiquei admirada em compreender como o Espírito Santo nos impulsiona nessa direção.”
Marc St’Hilaire, conselheiro para o aspecto da “União com Deus e a Oração”, ofereceu uma leitura exegética do capítulo 17 do Evangelho de João, a oração de Jesus pela unidade. Deste modo, ele lançou as bases para o tema de padre Fabio Ciardi (OMI) e Anna Maria Rossi (focolarina), ambos membros da Escola Abba, que comentaram o mesmo texto à luz do diário de Chiara de 1970.
Ouvir Chiara comentando essas palavras para as quais – como disse – nascemos, tem um fascínio muito especial. Estamos conscientes de que aqui podemos relatar pouco. Mas teremos um ano inteiro pela frente para aprofundar esse conteúdo. No entanto, para os responsáveis de região e os membros do Conselho Geral, foram dois dias que certamente lançaram uma base sólida para o trabalho dos próximos dias.
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