De Campina Grande, na Paraíba, a Andrea nos escreveu suas experiências durante a pandemia. Pequenos grandes atos de amor para nos inspirar.
“Faz alguns dias que queria parar um pouco para partilhar pequenas experiências deste período de isolamento, que para mim se iniciou desde 9 de março, quando retornei da Europa.
As relações interpessoais às vezes são complexas e desafiadoras, mas o desejo de construir a fraternidade universal e ser fiel a esta vocação é sempre maior.
Aproveitei justamente este período de isolamento para ligar mais o meu irmão, que estava quase sem falar comigo, para saber como estava a sua família e ir novamente me aproximando.
Em uma das ligações, ele me fez várias considerações sobre questões políticas ligadas as orientações da COVID-19. Foi um exercício escutar até o fim e, depois, sabendo que o assunto podia gerar conflito, disse apenas que respeitava a sua opinião, que ele se sentisse livre para seguir sua própria consciência, mas que eu pensava diferente, e que precisávamos ter atenção porque era uma realidade muito nova.
Outro dia, pelo WhatsApp, estávamos resolvendo algumas coisas da família, e em resposta a uma colocação minha, ele respondeu de forma muito agressiva. Fiquei muito magoada, com uma feriada aberta. Resolvi esperar para não me precipitar, enquanto várias ideias me passavam na cabeça: você precisa se defender; não seja sempre boazinha; ele também tem que ouvir. Até que no outro dia, procurando ouvir “aquela voz mais silenciosa”, resolvi responder a ele com um elogio, e dando continuidade às coisas práticas que deveriam ser feitas e entendidas.
Já em casa, somos eu e meu esposo e no início, com o passar dos dias, pequenas coisas me faziam descobrir as minhas fragilidades quando alguma coisa me incomodava como por exemplo o barulho, quando prefiro muitas vezes o silêncio, ou o planejamento que para mim é algo tão importante, quando ele é muito espontâneo e criativo. Nem sempre eu estava bem. Mas ao mesmo tempo, como não aproveitar este período tão novo, mas também tão precioso de convivência?
Hoje posso dizer que houve um grande crescimento entre nós. No início eu havia proposto, por exemplo, que cada dia um de nós fizesse o almoço. Mas hoje é muito mais espontâneo fazermos juntos. Depois começamos a rezar diariamente ao meio dia pela paz no mundo, pelo fim da pandemia e isto nos ajuda a ter sempre um olhar voltado para a humanidade. Durante o mês de maio fizemos o propósito de rezar o terço todos os dias e depois resolvemos continuar.
Muitas vezes também ligamos juntos para amigos em comum, sobretudo aqueles que estão distantes, sozinhos, ou perderam algum familiar, com o desejo de ajudar e nos unir a eles neste período desafiador. Para nos proteger um pouco mais e ao mesmo tempo ajudar os pequenos agricultores locais, começamos a comprar diretamente deles. E para envolver outras pessoas, coloquei um aviso no elevador, ganhando o engajamento de mais uma família.
Sem dúvidas é um período desafiador, às vezes escuro em relação ao futuro, e o desânimo bate também na nossa porta. Mas a oração e a partilha nos dão forças para viver o momento presente, gratos a Deus por tudo, e mais do que nunca abertos àqueles que estão em situações mais vulneráveis e difíceis.”