Igarassu é a segunda cidade mais violenta do Estado de Pernambuco e, por ali, a educação pública tem os mesmos reflexos que em outros estados: muita evasão escolar, drogas, violência e professores desvalorizados.
Mas ao entrar na Escola Santa Maria, o enorme espelho que nunca foi quebrado, as paredes limpas e as brigas resolvidas no diálogo chamam a atenção de quem visita essa escola em Igarassu.
Com um projeto pedagógico construído coletivamente, a Escola Santa Maria busca em primeiro lugar a promoção humana, transmitindo valores como a cultura da partilha, a arte de amar e a educação à paz aos alunos, que hoje são mais de 500, e também aos quase 300 colaboradores envolvidos com o funcionamento da escola.
Uma experiência constante é a relação de reciprocidade entre a família e a escola, que reflete em uma atmosfera de amor e respeito entre as crianças. “Nosso objetivo sempre foi o de formar as pessoas, com a plena consciência da própria cidadania e do papel que podem desempenhar na sociedade”, conta Corinne Raboud sobre sua experiência como diretora da ESM.
História
No final dos anos 1960, durante a construção do Centro Mariápolis Santa Maria – local de formação e encontro para os membros do Movimento dos Focolares – percebendo que muitos funcionários ainda eram analfabetos, participantes do Movimento começaram a dar aulas no período da noite para essas pessoas. Felizes por poderem aprender, solicitaram aulas também para seus filhos, já que não haviam escolas em Igarassu que naquela época era uma zona rural.
Foi então que o projeto de uma escola aos poucos foi se consolidando. Em 1982, a escola foi reconhecida pela Secretaria de Educação do Estado de Pernambuco e até hoje forma pessoas preparadas para o mercado de trabalho e também protagonistas de um mundo mais fraterno.
Protagonismo que se concretizou, por exemplo, no ano 2000, quando dois alunos foram convidados para uma conferência de jovens no Japão.
Voltando, apresentaram aos vereadores a “Carta aos Governantes”, elaborada durante o evento, onde os adolescentes propunham a inclusão da disciplina “educação para a paz” no currículo escolar. A proposta foi aceita e tornou-se lei para todas as escolas municipais, trazendo resultados positivos e muitas mudanças também em outras cidades, envolvendo universidades, organismos civis e instituições educacionais.
Em 2014, Maria Voce e Giancarlo Faletti, então presidente e vice-presidentes do Movimento dos Focolares, visitaram a Escola Santa Maria e puderam testemunhar que a escola proporciona um ensinamento muito além dos livros, dando aos alunos um verdadeiro projeto de vida. E é exatamente isso que percebemos em alguns testemunhos dos estudantes.
Depoimentos dos alunos da Escola Santa Maria
“A escola ensina muitas coisas, até a viver… Se todas as escolas fossem assim, o Brasil seria rico em solidariedade.”
“Este é meu último ano nessa Escola. (…) Nunca me esquecerei desta escola onde aprendi a ser uma pessoa de bem na vida. Também não esquecerei que esta escola onde estudei durante tanto tempo é ajudada por ótimas pessoas. Esta é uma escola diferente das outras porque procura entender os nossos problemas e nos ajudar.”