O nome desse bairro era “Ilha do Inferno”, pela elevada degradação social na qual vivia. «A mensagem do Evangelho, vivido pelas pessoas do Focolare, que compartilharam tudo conosco, fazendo com que procurássemos juntos os meios para superar essa situação, se tornou algo que nos deu a liberdade interior – disse Johnson, um dos representantes da comunidade da Ilha de Santa Terezinha.
A história dessa comunidade começa em 1968 quando um grupo de pessoas do Movimento dos Focolares aderiu ao convite do Arcebispo de Recife, D. Helder Câmara, de procurar transformar a realidade local. Chegaram à Ilha vários estudantes e professores, advogados e médicos, operários e donas de casa, que queriam participar da vida dos habitantes para junto com eles, encontrar uma solução.
Da Ilha do Inferno à Ilha de Santa Terezinha
Gradualmente se formou uma comunidade com uma profunda consciência civil. Constitui-se a Associação dos moradores da Ilha, verdadeiros protagonistas do próprio desenvolvimento. Com a abertura democrática do país, surgem novos sistemas de participação para discutir com o município o uso do orçamento público. Muitas as conquistas junto ao poder público: a eletrificação da área, a pavimentação de muitas ruas; a escola e o centro de saúde surgidos em colaboração com professores, médicos e enfermeiros do Movimento. Johnson, com orgulho repete várias vezes: “Nós conseguimos tudo com a força do diálogo, com a força da comunidade, sem jamais descer a compromissos com nenhum político”.
Neste bairro se encontra também um Centro Juvenil que acolhe as crianças e adolescentes no turno livre da escola, proporcionando-lhes uma sólida formação humana e espiritual com as mais diversas atividades, como música e esporte, tirando-os da rua onde se encontram em uma situação de risco social, vítimas da droga e da violência. O Centro é administrado por uma associação sustentada pela solidariedade de muitas pessoas, principalmente de famílias do Movimento dos Focolares, brasileiras e de outros países.
“Em vocês está a verdadeira riqueza”
No ano 2014 a presidente dos Focolares, Maria Voce, ao visitar este bairro, disse que o que mais a impressionou foi ver o muro. Construído alguns anos atrás, para blindar da pobreza os frequentadores de um grande shopping construído do outro lado da rua. Aquele muro está ali como símbolo da segregação social.. E acrescentou: “Mas a pobreza fica fora do muro e a riqueza dentro. Porque a riqueza é o amor, a capacidade de doar, de compartilhar, enquanto do outro lado existe interesse, competição. Eu me sinto honrada de fazer parte dessa família”. “Nesse lugar onde se vê como a semente do Evangelho produziu muitos frutos – disse ainda – quero dizer que partindo daqui, não levamos somente vocês no nosso coração, mas levamos vocês como exemplo e como estímulo para todo o Movimento no mundo”.