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Todos da mesma família

Abaixo contamos três experiências que pessoas diferentes da comunidade do Rio Grande do Sul, do Movimento dos Focolares, nos enviaram sobre o relacionamento com imigrantes.


Quando Vali Inês Mors se ofereceu como voluntária no Centro Ítalo-Brasileiro de Assistência ao Imigrante na Igreja da Pompéia, em Porto Alegre, tinha a intenção de por em prática algumas línguas estrangeiras, além de ajudar.
O que ela não esperava é que seria tão impactada pelas histórias daqueles seres humanos, sempre em rotatividade, migrando de um lugar para o outro em busca de trabalho e oportunidades melhores de vida.
Em cada encontro com os (i)migrantes, Inês compartilhava muito mais do que aula de Português. Havia interação entre as culturas, partilha de dores, aprendizados sobre como se colocar no lugar do outro e a cada dia crescia a consciência do peso que o “migrar” pode carregar consigo.
Ali, pode conhecer um marroquinho que, por converter-se ao cristianismo em um país islâmico onde a pena para essa ação é a morte, resolveu deixar tudo pra trás e partir para São Paulo. E também um senhor, de 63 anos de idade, refugiado da guerra na Síria, sem falar nada de português, que a toda aula capturava com o celular as imagens do quadro repleto de palavras do seu novo “lar”.



Também em Bento Gonçalves houve um número expressivo de imigrantes vindos principalmente do Haiti.
Por meio da minha esposa, Flávio conheceu vários deles. Ela da aulas de português na paróquia e também no salão do prédio do casal para vários grupos de imigrantes.
Por conta do contato com a comunidade, o casal pode viver diversas experiências junto a eles. Flávio nos conta:
“Recentemente, uma haitiana soube de uma vaga em uma instituição, para serviços de faxina. Como havia a questão da língua foi acompanhada por minha esposa, que conhecia a instituição, mas mesmo assim não conseguiu a vaga. Mas a procura continuou e minha esposa também a acompanhou para uma entrevista de emprego em um supermercado. Ali deu certo. Em apenas um mês esta haitiana conseguiu uma promoção para a função de caixa Na Páscoa, para nossa surpresa, ela nos presenteou com duas caixas de bombons e um grande pirex de vidro, que acabamos usando exatamente no dia do almoço de Páscoa.”
Outra experiência:
“Outra haitiana que acabamos conhecendo, foi diagnosticada com câncer. Minha esposa pode acompanhá-la nas consultas médicas, e mais recentemente está acompanhando no tratamento de quimioterapia, animando-a e acompanhando-a, quando possível. Pudemos também passar uma tarde na nossa casa na companhia da família dessa imigrante, que tem dois filhos pequenos, sendo que o seu marido, que mora em outro país, também esteve presente. Também pudemos ajudar essa imigrante quando teve que ser levada com urgência para o hospital, após uma reação aos remédios que tomou na quimioterapia. Continuamos mantendo contato com eles. Alguns desses haitianos passaram a nos chamar de “pai” e “mãe”, pois eles se sentem acolhidos.”


 
NOS SENTIMOS DA MESMA FAMÍLIA
Eu moro com a minha mãe em uma casa e precisávamos de alguém que nos auxiliasse no serviço da limpeza. Neste período, havia na cidade um grande fluxo de imigrantes haitianos precisando de trabalho. Fiquei em dúvida para contratar uma haitiana porque imaginava que teria dificuldade de comunicação. No entanto, a minha mãe disse que tentássemos. No primeiro encontro nos comunicamos em inglês.
Ela aceitou o trabalho, e com muita paciência de ambas as partes conseguimos nos entender. Ela começou a frequentar o curso de Língua Portuguesa oferecido pela paróquia da Igreja Católica.
 
Encontrei um dicionário de francês / português em casa e, pensei que poderia ser muito útil, no entanto, percebi que a Manicile não conseguia ler, ela dizia que as letras eram muito pequenas. Conseguimos, com um preço diferenciado, uma consulta num oftalmologista e, também com uma ótica a doação das lentes e da armação dos óculos. Ela disse para nós: “Agora sim vou aprender o Português”.
 
A Manicile se empenhava muito no serviço da limpeza, procurando fazer o melhor possível, mas, ela gostaria de ter um trabalho de oito horas diárias. Então, conseguiu um emprego num frigorífico em Garibaldi, uma cidade vizinha, e aos sábados à tarde continuava trabalhando como faxineira em nossa casa.
 
Com o passar do tempo, percebi que a Manicile, estava perdendo gradativamente a saúde. Ela tinha que acordar de madrugada, no frio. Além disso, o seu trabalho no frigorífico era muito pesado.   Por outro lado, não vislumbrava uma alternativa fácil de outro emprego para uma imigrante estrangeira. Mas não desisti, e procurei alternativas.
 
Lembrei, então de conversar com a instituição de ensino superior onde trabalhei, para verificar se não havia uma vaga de serviço de limpeza e, para a minha surpresa, a resposta foi positiva. Intermediei a sua entrevista com o departamento de Recursos Humanos, e ela foi admitida.
Já se passaram três anos que a Manicile está nesta empresa. A diretora da instituição está muito satisfeita com o seu trabalho. Por sua vez, a Manicile está muito contente com a sua função e está integrada com os outros funcionários. Ela é muito grata a nós, e me chama “de irmã” e minha mãe de “mãe”. Ela disse que a sua família somos nós.
De fato, construímos um relacionamento baseado no respeito às diferenças. Por exemplo, a Manicile frequenta a Igreja Batista e nós a Católica. Conversamos com ela de vários assuntos no campo da religião, da política e dos relacionamentos e sempre encontramos um ponto em comum. Apesar de sermos de culturas tão diferentes nos sentimos da mesma família, porque somos filhas de um mesmo Pai.
No dia das mães resolvemos convidar Manicile para passar o dia das mães conosco, porque seus dois filhos moram na França e ela considera minha mãe sua mãe também. Disse, para seus amigos, que iria passar o dia das mães na casa de sua família.   (Betinha. Bento Gonçalves)

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