Assistir ao chamado de um aluno transformou os cuidados de uma professora em um novo projeto social do Movimento dos Focolares em Maceió.
Tudo começou com um vídeo. Uma professora da rede pública de Maceió, que participa do Movimento dos Focolares, recebeu de um colega de trabalho um vídeo, no qual um aluno da escola fazia um apelo pedindo um pedaço de lona para cobrir o barraco onde mora com sua família. Extremamente tocada pela situação daquela criança, a professora decidiu fazer uma visita à sua família que vive em um barraco. Por conhecer de perto a realidade, decidiu transformar o apelo de um pequeno vulnerável em um projeto social para contemplar a realidade das famílias que vivem nas favelas que circundam a Orla Lagunar de Maceió: Favela Mundaú, Favela Sururu de Capote e Favela Muvuca.
Junto com um grupo dos Focolares, a professora constatou que diversas famílias viviam as mesmas necessidades relatadas pela criança. Deu início então a uma campanha que não só resultou na cobertura do barraco com telhas, mas conseguiu trocar os móveis que ficaram encharcados com as fortes chuvas. Com a campanha também foram arrecadados colchões, lençóis, roupas de adultos e crianças, calçados, panelas, material escolar, brinquedos etc.
Segundo Maria Araujo e Luís Carlos de Almeida, o novo projeto começou a ser pensado junto ao Instituto Mundo Unido (IMU) de Maceió. A meta é desenvolver projetos que sejam capazes de atender as necessidades materiais dos moradores das comunidades, além de contemplar o desenvolvimento de ações que levem à geração de renda e à formação destes, para que melhorem suas condições de vida no futuro.
Um dos principais objetivos é a criação de uma campanha que atenda, especialmente, as mães que vivem em situações de higiene precarizadas. Por meio dela, os membros dos Focolares irão arrecadar materiais de higiene pessoal para a confecção de kits às mães e realizarão palestras sobre a necessidade da higiene à saúde da mulher.
Outra via é atender o grande número de crianças e adolescentes que não estudam por falta de internet para acompanhar as aulas remotas. Por isso, as crianças muito cedo são levadas a trabalhar com o Sururu (um tipo de molusco), pois é a única fonte de renda que sustenta a família.
“Muitas famílias vivem com R$ 8,00 reais por dia pelo trabalho com o sururu. O auxílio emergencial do governo federal, além de muito pouco o valor, não contemplou a todos. É doloroso ver o quanto piorou as condições de vida dessas pessoas com a pandemia. O poder público também é bastante ausente naquela comunidade. Os moradores daquelas favelas não dispõem de água encanada, de energia elétrica, de limpeza urbana. É o retrato do desamparo e da miséria”, afirmam.
E complementam: “A complexidade dos problemas requer cooperação e articulação, com ações passíveis de aplicação. Toda a nossa ação deve estar ancorada no evangelho […]. Seguimos pedindo que o Espírito Santo guie nossas ações e nos faça ser instrumentos para a construção de um Reino de Paz”.